APRENDER A DIZER SIM

Uma crônica que li há poucos dias, relatava a respeito das coisas que a cronista havia relacionado para nunca fazer em sua vida.

Tal escrito logo se sobressaiu para mim, pois , ao contrário dela, tenho uma lista de coisas que desejo fazer, aprender, experimentar.

Ela, embora, se posicionasse daquela forma, havia feito algo que estava na referida lista e até tinha gostado, o que sem dúvida é muito bom.

As pessoas que se posicionam desta forma, deixam de experimentar sensações novas, de viver momentos que podem abrir inúmeras possibilidades de vivências futuras, gratificantes ou não, mas que sempre servirão para aprendizado, basta estar disposto a isto, a reformular conceitos, a mudar, o que certamente implica em renovação, em suma, viver.

Não há possibilidade de crescimento, de acréscimo dentro de uma postura inflexível, rígida, cheia de conceitos formados, estabelecidos, sem abrir espaço para a participação e envolvimento com novas situações, novas relações sociais, novos interesses, novas trocas que induzem a repensar antigos dogmas, diante de uma sociedade sempre em evolução, ou sempre em mutação.

Temos que considerar que certos posicionamentos que adotamos em determinada época são frutos de nossa convicção frente às situações ,válidas num determinado contexto e considerando nossa bagagem de vida àquela época .

Se em função disto, nos posicionarmos da mesma forma para o resto de nossa vida, sem considerar que mudamos que amadurecemos que a sociedade muda e que há avanços que muitas vezes não mais justificam tal postura, estaremos negando a nós mesmos chances de novos aprendizados.

Creio que uma reflexão que ao menos inclua a dúvida, já permite visualizarmos uma possibilidade de mais flexibilidade, de não estagnação.

Muitas vezes, não tivemos a possibilidade de fazer determinada coisa, ou nunca a desejamos realizar, mas quem sabe em outra circunstância, com outro objetivo, com mais respaldo, apoio, incentivo, nos atrevemos a fazer?

Claro que me refiro às coisas lícitas, corretas, honestas e não a situações que induzam a experimentar coisas prejudiciais, ilegais, antiéticas.

Sei de pessoas que riscaram de suas vidas a possibilidade de dirigir um carro, de aprender a nadar, de praticar um esporte,de andar de avião,de ter um animal de estimação, de fazer um curso superior, de aprender uma habilidade manual, de utilizar celular, de aprender computação, de emagrecer, de aprender um idioma, de trabalhar e outras coisas.

Existem coisas que podem parecer difíceis, entretanto toda vez que colocamos primeiro um NÃO, que canalizamos toda nossa energia neste sentido, estamos bloqueando qualquer possibilidade de um resultado diferente. O “não” parece mais adequado, mas na realidade é o mais fácil, pois não implica em mudar, em tentar, em executar, o que pode muitas vezes ser trabalhoso, pois a pessoa passa a agir, a atuar, a ser protagonista, o que leva ao envolvimento e à responsabilidade. Isto muda paradigmas.

Sei que cada um tem um ritmo e face a isto, a percepção de determinada coisa ocorre em diferentes etapas para cada um. Uns amadurecem mais cedo, outros parecem nunca amadurecer. Enfim, não há como nivelar. Temos que considerar inúmeros fatores.Também percebi, fruto de experiência pessoal, que o “nunca” é muito forte, que o “não” afasta, subtrai e que sempre há tempo para quem está disposto a um pequeno passo e que este pequeno passo pode ser , apenas, o primeiro de uma grande estrada a ser percorrida e que a gratificação experimentada nas pequenas vitórias, pelos limites ultrapassados é algo grandioso, pessoal, intransferível, mas que também é algo parecido com a luz, posto que se reflete e tal qual um farol, sinaliza para indicar caminhos para quem está por perto.

Finalizando, digo o quanto é importante dizer “sim”, ao aprendizado, às mudanças, à vida.

Isabel C S Vargas