RESGATAR A CRIANÇA

Não quero que este texto passe a idéia de tristeza ou lamentação. Pelo contrário.

Desejo que seja um alerta para aqueles pais que hoje correm incessantemente na labuta diária para cumprir compromissos de trabalho, onde as exigências são crescentes, tendo ambos-pai e mãe-que prover o sustento de sua prole, não acompanhando como gostariam o crescimento de seus filhos.

Acompanhem e desfrutem cada etapa de seus filhos. O tempo voa. Eles crescem. É muito bom proporcionar momentos que deixem lembranças felizes.

Momentos de alegria ajudam a todos nós fazendo um estoque a ser utilizado no decorrer da existência.

Ao preparar o presente de Dia da Criança para minha neta, percebi como é bom fazer isto e que certamente terei saudade quando ela estiver crescida. Recordei a época em que fazíamos uma verdadeira festa para organizar os presentes de todos, afinal quatro filhos e dois sobrinhos garantiam uma boa correria pelas lojas para pesquisar preços e atender aos pedidos e preferências de cada um deles. Fazíamos almoço em conjunto, distribuição de brinquedos, muita diversão. Alguns destes presentes ainda resistem até hoje, para serem passados para seus respectivos filhos.

Impossível esquecer a emoção de minha filha ao ganhar a primeira bicicleta. Quase desmaiou.

Meu filho sempre falava nos bonecos que representavam os super-heróis, nos quebra-cabeças que ele montava desde os três anos de idade, deixando-nos encantados com sua vivacidade.

Recordo com alegria de meu padrinho, que só tinha filhos homens e por isto tratava-me como uma princesa, a imaginar inúmeras brincadeiras, idéias mirabolantes, para nos divertirmos. Sim, ele divertia-se muito com os trilhos de trem que passava ao redor da peça inteira, por entre montanhas verdes, lagos de espelhos, flores (naturais e artificiais), estações, cidades, fazendas, com muito gado e cavalos estrategicamente colocados. Sem esquecer dos índios e dos soldados é claro.

Teria inúmeros outros momentos a detalhar, mas o que me levou a escrever sobre isto foi o fato de me questionar sobre quando meus filhos deixaram de ganhar presentes nesta data.

Percebi, então, que o último deles,(com 10 anos de diferença de idade da mais velha) parou de ganhar presentes no Dia da Criança, quando minha neta nasceu, fazendo com que todos para ela se voltassem, dando-lhe atenção, carinho, cuidado e amor.

Hoje, vendo-os darem a ela brinquedos semelhantes aos que ganharam e com ela divertirem-se felizes, procurando proporcionar o que tiveram, observo feliz que dentro de cada um deles, adultos, responsáveis, permanece viva a criança que um dia foram.