Desertos

Há vários tipos de desertos, cada um com sua característica. Os reais, que têm nome e localização geográfica, também são diferentes uns dos outros. Para exemplificar: o deserto do Saara, talvez o mais famoso deles, é composto basicamente por areia. Atacama, o mais árido – e alto – do planeta, tem temperaturas que oscilam entre 0 e 40 graus centígrados. Já o deserto Antártico, um deserto do tipo polar, é considerado o lugar mais gelado da Terra.

Em todos estes desertos, apesar da vida humana ficar impossibilitada, há eventos que os tornam interessantes e vivos. Como os oásis e os beduínos, povos nômades que cruzam o Saara; a cidade de San Pedro de Atacama - que é ponto de encontro de aventureiros de todo o mundo – e as focas e leões marinhos que vivem no gelo antártico.

Porém nos outros desertos, os metafóricos, o que queremos significar é justamente a ausência de qualquer coisa viva, pulsante, observável até. Queremos passar a sensação de solidão que às vezes nos acomete; não só a falta de pessoas, mas até mesmo a ausência de sentido para a vida. A manifestação do nada.

Nada, nada além de um imenso vazio, cujo horizonte não pode ser mirado porque a névoa tudo encobre. Os sons não encontram eco, os passos não têm destino e o futuro apenas se imagina existir sob a densa neblina, mas não pode ser visto. Ninguém cruza o nosso caminho com palavras de conforto – ou, se cruzam, são beduínos invisíveis aos nossos olhos cansados de miragens. Nossa secura de sentimentos não os ouve, enxerga ou dá atenção.

A maior diferença entre os desertos reais e os metafóricos é a umidade. Desertos, em geografia, são regiões onde praticamente nunca chove, mas nos desertos imaginários as lágrimas inundam lenços e travesseiros. A não ser quando falta até mesmo a motivação para chorar...

Quando a alma vira um deserto, até os olhos ressecam.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo "Desertos da Alma"

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