A palavra duvidosa é...

OBSEDADO

Um dos maiores ganhos em praticar-se leitura e escrita é o cuidado que passamos a ter com as palavras, seus significados e usos. As gramáticas internas que possuímos – mecanismo que nos possibilita decodificar uma ou mais línguas desde o ventre materno – nos permitem identificar erros que, muitas vezes, não sabemos justificar, mas sabemos que fere o padrão armazenado (1). Exemplo disso foi o que se passou comigo ao dar de encontro com a palavra ‘obsecado’. Li esta palavra, assim grafada num texto ou comentário, e algo saltou dentro de mim. ‘Ob.se.ca.do’: as pessoas usam esse termo, já ouvi e usei várias vezes na fala; por que cargas d’ água estaria errado? Deve ser parente de ‘obsessivo’ ou ‘obsessão’, deve estar correto, pensei. Qual! Fui então consultar um dicionário. Encontrei ‘obsessivo’, ‘obsessão’, de ‘obsedar’ e ‘obsedante’, mas nada de ‘obsecado’. Tinha que haver uma razão. Fixada numa resposta, voltei então umas páginas atrás e, bingo: um ‘obcecado’ com ‘c’, de ‘obcecar’. Num dicionário online encontrei ‘obsedado’, mas não sei se esta forma é aceita como correta na norma culta do português brasileiro atual. Quem sabe, esta palavra - assim grafada e ‘assada’ empregada - tivesse me passado ao largo não fosse essa mania obcecada (teimosa) que eu tenho de escrever e perguntar.

(1) Estudos sugerem que, no cérebro, armazenamos palavras não aos pedaços, e sim padrões e situações em que ocorrem; é por isso que ao aprendermos uma segunda língua um conselho é memorizar as palavras em contexto, numa frase ou num padrão. Por exemplo: artigo + substantivo (a obsessão); verbo + preposição (obcecado por, fixado em).

Se alguém souber um pouco mais sobre essas formas, grata por contribuir .

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