A BAHIA DE TODOS OS SANTOS

Muito tempo se passou desde que voltamos pelos caminhos, em que tempos atrás, uma criança judia fugiu numa noite do tempo em que um louco tentou ir na contra mão do Tempo e da Razão, antecipando a noite, extinguindo a aurora da vida de milhões.

> Chegava o final de ano, tempo em que do mar soprava aquele vento morno, que entorpece, e nos aquece, inquieta, o leito em brasa, nos faz querem ser uma Gabriela ou Nacib, e para aplacar este fervor, debaixo do chuveiro fazer amor.

> Na Bahia de Todos os Santos, atabaques, cuícas, ganzá, maracas e tambor, dão o rítmo, da cadencia e do furor.

> Olodum, Chiclete e Ivete, não importa de quem você é tiete. Ondina, Pelô, Campo Grande ou Avenida Sete. Não importa sua tribo agente se encontra no Farol, com garra, na farra da Barra.

> Até que na sexta gorda, que antevê o reinado de Momo, o Espírito que de tempos em tempos, produz, uma noite para todos os Tempos, nos levou de Salvador, pelo sopro de vento em brancas velas, assistindo ao rítmo quente e caleidoscópio, do carnaval baiano da praça Castro Alves ao Farol, antes de pegar a direita e em direção ao alto mar, ao largo da Ilha de Itaparica, deitados ao relento, como corsários de tempos passados, pirateando a liberdade, a felicidade da irmandade, confraria da cumplicidade.

> Aqui e ali o espirro fresco de uma onda afoita, que não cedia a forca da quilha, com franja alva de proa à popa por bombordo e estibordo.

> A via Láctea concorrendo com todo a iluminação da orla baiana e do brilho dos nossos, pediu emprestado estrelas de outras galáxias, deixando um rastro de luz e brilho, como gambiarra natalina, partindo do nosso íntimo, seguindo ao infinito dos mundos.

> E o que era para ser a noite mais longa das nossas vidas, foi apenas um instante, tão rápida e fugaz, e qual aquarela aquele azul intenso desvaneceu-se e cedeu lugar ao violáceo, não havia nada que pudéssemos fazer, a não se falar baixinho.

> Mas, ah que insensível Alva Estrela no firmamento inconveniente surgindo, trouxe a manhã brumosa de Morro, nascendo do mar de desejos de aventura de cada um.

> As vezes vejo Velas ao vento, sinto o cheiro do mar, entonteço com as estrelas, fecho os olhos e deixo balançar, mas falta que aquele primo Sininho, com seu pirlim pimpim, estabeleça a conexão e nos permita singrar em direção a Terra do Sempre dos nossos sonhos.

Nho
Enviado por Nho em 06/08/2012
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