Mega Vó 12 - Nunca é Tarde para Estudar!

Ana Brasilis dirigia-se para a Universidade Federal de Santa Catarina para fazer a cobertura fotográfica de um evento muito especial para ela, a comemoração dos 30 anos do NETI (Núcleo de Estudos da Terceira Idade). Sentia-se muito feliz e honrada em participar desse momento de alegria para todos os que se envolvem com projetos de educação continuada, ainda mais para o público de terceira idade! Estava curiosíssima para conhecer pessoalmente a escritora que iria conversar com o público naquele dia.

Contudo, quando estava quase chegando lá, a Bengala Mágica, cuidadosa e disfarçadamente escondida em sua bolsa começou a vibrar... algo de errado estava acontecendo com algum idoso. Mais rápida do que nunca, Ana Brasilis empunhou sua bengala e bradou: Bengala Mágica, chama a Vovó! Nem bem havia acabado de proferir tais palavras e ela já se transformou na Mega Vó, a super-heroína dos idosos oprimidos.

Voando pelo céu azul de Florianópolis, a Mega Vó seguiu sua superaudição até que encontrou a fonte da angústia. Vinha de um terreno no bairro da Lagoa da Conceição onde havia duas casas. Na casa da frente, morava o Seu Zózimo e na de trás morava a sua filha Maria das Dores. Pois não é que ela estava lá discutindo com o pai em voz alta e ameaçadora, que feio! Ela negava-se a deixá-lo sair, dizia com voz brusca: “Pai, como o senhor é ridículo! Onde se viu um velho querer estudar? Ainda mais lá na Universidade, vão morrer de rir de ti, vão logo ver que estás caducando!!! E hoje, então, tu vais passar mais vergonha ainda se a tal escritora da palestra te enxergar por lá... não vai e fim de papo!”

O pobre do Seu Zózimo olhou embasbacado para a filha. Engoliu o sapo e já ia sentar-se no sofá da sala quando uma ventania repentina abriu a porta da sala. Junto com o vento adentrou pela porta a Mega Vó sacudindo no ar sua Bengala Mágica. Pai e filha, com olhos arregalados, tremeram de medo com aquela visão inesperada.

Com a mais suave das vozes, a Mega Vó olhou fundo nos olhos da Maria das Dores com o seu poderoso Olhar do Arrependimento: “Vergonha, minha filha, é o que tu estás fazendo com o teu pai! Como tu és antiga, menina. Não existe idade para o estudo. Podemos estudar a vida inteira, aliás, vergonha é não se interessar pelo conhecimento das coisas e insistir em permanecer na ignorância!”

Foi o suficiente para a Maria das Dores se dar conta das barbaridades que estava pensando e dizendo para seu próprio pai. Ao perceber sua estreiteza de raciocínio a moça chorou e abraçou o pai pedindo perdão por sua atitude tão ridícula. Mais um caso resolvido e a Mega Vó estava pronta para partir, porém ainda sentiu uma tristezinha no coração do Seu Zózimo. Ele não chegaria a tempo para o evento no NETI!

Foi assim que alguns florianopolitanos mais observadores perceberam no céu aquela velhinha encantadora dando uma carona para o Seu Zózimo num voo radical de aventuresco! Pelo menos assim eles chegaram só um pouquinho atrasados para o bate-papo com a escritora. Tão feliz ficou o Seu Zózimo por estar lá que nem percebeu que a Mega Vó não se encontrava mais ali com ele. Nisso, a fotógrafa Ana Brasilis o chamou indicando o caminho e os dois entraram juntos no Auditório. A organizadora do evento ficou para lá de aliviada ao ver a fotógrafa finalmente chegando, tudo seria bem registrado para constar dos anais desses 30 anos de maravilhas que o NETI já ofereceu ao seu público alvo.