Leona Fear

- Estou quase sem luz – Disse Leona Fear, olhando para a fogueira, ao reparar que a sala estava ficando um pouco mais escura nestes últimos anos, então ela se levantou, mas logo caiu e voltou ao chão. Anos sem se levantar quase a fez esquecer-se de como se andar, então, ela se levantou novamente, só que desta vez usou a parede como apoio, parede a qual ela mal via mais, por estar tudo tão escuro.

E andando em direção à fogueira, com a mão na parede ela sentiu um relevo diferente, e logo após, uma maçaneta. Assustada, ela abriu a porta, que foi provocando uma enorme luz por toda a sala, luz a qual, a cegou. Aos poucos, por de traz da porta, ela viu surgir um espelho, com uma linda moldura, onde em cima estava escrito “Almo Utopite”, e para seu espanto, a sua imagem no espelho, não a refletia.

- Como vai senhora Fear? – Disse a imagem do espelho, que sorria com sarcasmo, mas Leona continuou sem resposta - Pena que você não tem uma imagem da liberdade, aposto que esta querendo agora, neste exato momento, fechar esta porta e voltar para o seu quarto escuro.

Leona apenas acenou que sim com a cabeça, a sua voz ecoava por todo o quarto, e pela primeira vez, ele não parecia tão grande assim quanto ela imaginava, agora ela via todas as paredes, e quanto aquilo a prendia.

- Já se perguntou, qual é o combustível da sua fogueira? – Disse o espelho, que esperou o longo silencio de Leona, mas ao ver que ela não falava nada, continuou – É medo Leona, seu combustível é o medo.

Ao dizer isto Leona olhou rapidamente para trás, seu quarto estava em chamas, estava tudo completamente iluminado, completamente branco, o espelho era a única coisa que ela enxergava, a única coisa não afetada pela luz.

- Quem é você? – Gritou Leona, acho que no fundo ela acreditava em tudo o que ela dissera, por que nunca sentira tanto medo em sua existência.

- Eu sou Deus – Disse o espelho, só que desta vez, sem nenhuma expressão facial, e a sua frase ecoava pelo quarto, cada vez mais alto. Leona não aguentava aquela sensação, não aguentava a falta de reação do espelho, não aguentava a explosões de sentimentos dentro de si. E como, por ela, única forma de fugir de tudo aquilo, acertou o espelho com um golpe.

O espelho se quebrou em varias partes, que foram todas puxadas para o seu interior, e após isto tudo o que existia ali estava sendo puxado para o espelho em um silencio perturbador. Seu sangue voava de suas mãos para a moldura do espelho, e quando não conseguiu mais se manter de pé, foi puxada para dentro.

Leona se viu deitada no frio de um quarto muito familiar, ela se levantou, estava com muita dor de cabeça, estava confusa como quem acaba de sair de um pesadelo, então ela olhou para o espelho de seu quarto, mas viu sua figura piscar e dizer.

- Eu sou você.

Nícolas Lúcio
Enviado por Nícolas Lúcio em 29/03/2013
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