PROFESSOR PAI

A cada dia que passa, mais meus alunos me encantam. Cada um à sua maneira. Eu poderia escrever mais um pouco sobre o vasto repertório de qualidades que eles têm, mas por ora, vou-me deter a um fato que muito me cativa: quando eles me chamam de pai.

No meio de uma explicação, eles interrompem:

— Pai...quer dizer, professor, o que é isso?

E não é um, nem são dois ou três. Isso já aconteceu com vários deles. Eu acho lindo! Sinto-me como se assim o fosse. E, realmente, sou. Ali, na sala de aula, além de professor, sou amigo, primo, irmão, sou pai. O segundo para alguns. O único para outros. Aquele cara que ensina a diferença entre o certo e o errado, que dá conselhos, que educa, que briga algumas vezes, traz presentes, faz brincadeiras e, principalmente, ama os seus filhos, digo, seus alunos.

O auge desse sentimento veio em um intervalo. Ao sair da sala, um aluno de oito anos me deu um abraço forte, abriu um belo sorriso, fitou-me os olhos e, revestido de amor, pureza e carência, disse-me:

— Professor, eu queria tanto que o senhor fosse o meu pai! O meu pai mesmo, de verdade.

Eu o abracei novamente, repousei minhas mãos sobre seus ombros e com a alma e os olhos marejados, respondi:

— Eu também, meu filho. Eu também.

Não sei explicar ao certo o que senti naquele momento. Só sei que aquilo mexeu comigo. E mexe ainda, todas as vezes que eu me lembro.