RESSURGINDO DOS ESCOMBROS (Fazendo das tripas coração, também funciona!)

No final de cada semestre, os coordenadores ficam em cima dos professores, pedindo o fechamento das notas dos alunos para entregarem-nas à secretaria. Precisamos logo de férias! Aí, mora um grande problema: Os professores se apressam a entregar o fechamento, faltando ainda duas semanas para o último dia letivo do semestre, depois têm de embromar os alunos, dizendo que as atividades de agora em diante vão somar ao outro bimestre. Os alunos também querem férias e não estão nem aí mais com aulas e atividades em classe, é final de semestre. Então, os professores artistas viram milagreiros a fim de segurar o aluno na escola nas últimas semanas "letivas" de junho. A direção vigia e espreita fazendo o clima correr normal, mas "sem mover uma palha".

Neste ano, fui impressionado sobre uma jogada criativa da professora de educação física, com a qual tenho a honra de trabalhar esses dois anos. Ela criou um campeonato contendo jogos diversificados. Como me diverti muito, torcendo pela a equipe a qual fiquei responsável, uniformizado de verde! Sem a escola ter fornecido, cada aluno veio vestido da peça de roupa que tinha em casa, contanto fosse da cor de formação da sua equipe. Observei o material didático da professora, quase nada, só algumas tiras de tecido e cordão! Ela prometeu prêmios para os vencedores, alguns bombons, comprados com as inscrições dos próprios participantes, R$ 1,00 de cada. A maioria dos alunos veio participar destas aulas de superação física e cidadania. Bravos!!!

O que seria de nós, veteranos na educação, já calejados da mesmice padronizada, sem mais condições para chamar a atenção da comunidade escolar interna e externas? A educação precisa de uma injeção de sangue novo, mas quem se prontifica a doar o sangue por uma causa coletiva (ou de ninguém)? Todavia, e ainda bem, é o caso da professora "personal trainer" dos carentes, começando assim. Será se daqui a alguns anos, terá ela a mesma disposição ao fazer das tripas coração, transformando uma semana de improdutividade em aulas inesquecíveis ao ar livre com todos os nossos alunos?

O tradicional interclasse de futebol já não reúne as didáticas esperadas, isto promove mais a violência do que saudáveis relações, como não foi o caso, quando se faz gincanas e forma equipes mistas independendo da séria dos alunos. Assim, eles se superam para si mesmos sem se preocupara em provar nada à classe rival. Eu estava ali, na verdade, torcendo por todo mundo. Prova disso, estou escrevendo esta crônica, torcendo pela professora ressurgida dos escombros de um semestre de tudo já cansado: as nossas aulas, a gente nem sabe mais ornamentar. O evento foi assim, igual a um embrião de qualquer semente, o qual sai com força do húmus velho. É claro que colaboramos! Mas...