RETRATO ESCRITO

É difícil conter o riso quando o vejo gargalhar. Ele tem dessas coisas, tudo é um exagero, até na maneira que me desperta os instintos ou os encobre.

Ele se multiplica nos nossos amigos, nas nossas rabugices e nas coisas mais insignificantes –para os outros – que possamos fazer juntos. Até quando fazemos separadamente cada um suas coisas, a gente acaba se multiplicando no outro.

Não sei se mesmo desenvolvendo habilidade para isso conseguiria pintá-lo numa tela, num retrato. Talvez pela sua simples complexidade, não ousaria fazer.

Ele tem um corpo com braços, pernas, órgãos e cabeça, como a maioria dos homens e é tão engraçado como tudo fica bom ali: toda roupa, todo gesto, toda palavra e olha que nem todas elas são bonitas ou cheias de poesia.

Às vezes a autenticidade é tanta que chega a estralar como chicote e as verdades são tão pontiagudas que se parecem dardos jogados nos alvos, mas quem se importa?

Tem um olhar e um sorriso de “banda” que desconheço outro no mundo e bem merecidamente frequenta o topo da minha lista de homens perfeitos.

Longe de ser um desses que a gente idolatra porque é lindo, famoso, talentoso, figurante de todas as mídias, nada disso e tudo disso.

Mulher quando elege alguém para estar ali, nesse lugar, tem motivos sobrando pra isso.

Tem gente que chega pra ensinar o significado do que realmente importa. Gente que ensina que não se pode construir nada que não seja sustentado por dois pilares. Gente que sorri com os olhos e repreende com silêncio. Nenhum dicionário contém tantos significados como ele. Existe um hiato enorme no tempo que separa os momentos.

Não dá pra colocar todas essas coisas num retrato. Algumas cores são exclusivas, não dá pra pintar. Alguns traços são únicos e algumas curvas não há pincel que realce. E todas as cores unidas às luzes , às massas , às texturas e perfumes e sabores não são capazes de compor essa figura em algo que se consiga enxergar com esses olhos e os sentidos que perecerão com o corpo que hoje os sustenta.

Que brilhe sempre aquilo que existe antes e além do seu próprio tempo.

Fernanda Vaitkevicius
Enviado por Fernanda Vaitkevicius em 28/07/2014
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