O NOTICIÁRIO DELES E A MINHA INCOERÊNCIA

Que momento é esse onde as feridas parecem ser renovadas diariamente, e paralelamente há o clamor pelo riso, mesmo que não espontâneo, urgente, como se o mesmo fosse capaz de dissipar a dor contida. Pessoas atravessam a rua depois de olhar de um lado e outro, e ainda assim parecem perdidas entre tantas vias e caminhos a seguir. Entre uma esquina e outra, a felicidade é compartilhada de forma fictícia, com sorrisos que se perdem sobre os ombros e abraços sem contato. Paro. Respiro. Pessoas trôpegas pelas calçadas em meio a buracos que são obstáculos menores que todas as coisas que se encontram nesse mundo onde existe um clamor moralista em meio a corrupção quase unânime. É difícil caminhar no fio da navalha sem sentir que logo restará apenas pedaços de tudo que somos ou pensamos ser. Tudo se espalha na velocidade dos pensamentos e ações, e reações sem pensar, onde reproduzir se tornou mais importante que a reflexão e criação de uma possível discussão sobre verossimilidades instantâneas. Encontrar o equilíbrio entre a realidade que se oferece todos os dias e a ficção que se cria a partir de delírios e desejos, repletos de clichês de ignorância e maldade pura, é algo extremamente difícil nesse tempo em que não se encontra bom senso e lucidez. Penso que seria bom, ter um controle remoto para a vida, como naquele filme bobo, onde pudéssemos pausar a vida em alguns momentos, pular outros e porque não, desligar quando a frustração for angustiante demais. Que hoje a noite possamos sonhar os nossos próprios sonhos, para não vivermos os pesadelos alheios.