Em um dia qualquer, em um lugar qualquer.

Em um dia qualquer, em um lugar qualquer, encontrei o que não deveria ser, procurei tanto que acabei por perder-me, não havia distâncias que meus pés não pudessem alcançar. Mas em um dia qualquer, percebi o que meu coração tentava me ocultar, enganando meus sentidos, transformando amor em esperança, e esperança em desespero. Percebi que lutava contra moinhos de vento, que toda a distância que havia percorrido fora em círculos, e que tudo o que buscava, tudo aquilo que havia se tornado o sentido da minha vida, eram meros delírios de uma mente cansada da realidade.

Em um lugar qualquer percebi que ainda era a mesma pessoa, a mesma de cinco, dez, quinze anos atrás. Notei que todo o resto mudara, e as pessoas que antes eu amei não me reconheciam mais, eu ainda era a mesma pessoa, foram elas que mudaram.

Percebi que naquele mundo real onde eu ainda comia pão e água, meus antigos semelhantes jantavam à luz de velas em restaurantes caros. Enquanto eles falsificavam suas próprias felicidades, eu continuava sendo a mesma pessoa, vivendo com intensidade cada sentimento que se aflorava dentro de mim.

Foi em um dia qualquer, em um lugar qualquer, que compreendi o que meu coração tentava me ocultar. Não precisava mais caminhar cega em busca da felicidade, eu era feliz.