A CAMPANHA POLÍTICA ESQUENTOU NO BRASIL

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Como anunciava o mais famoso locutor de jóquei do Brasil, Ernani Pires Ferreira ao final de suas narrativas: “e cruzam a faixa final”, o mesmo não se poderá dizer sobre a corrida presidencial. Duas candidatas que se mantém “cabeça com cabeça” nas pesquisas, usando o condenável processo de denúncias e trocando coices ao vento. Tudo poderá acontecer até o final da corrida do jóquei, digo, da corrida presidencial, mas principalmente cobranças e protestos da sociedade dias após a vencedora assumir o cargo, seja quem for, porque terá que conceder reajustes de preços para energia elétrica e investir nas promessas que fez durante a campanha, que nem sempre serão cumpridas porque o Governo Federal está muito ingressado e com excesso de burocracia para evitar desvios de recursos e fraudes, nem sempre evitáveis por pura falta de caráter de muitos administradores públicos, que transformam o público em privado e enriquecem!

Mas, a campanha presidencial está esquentando. Denúncias preocupantes contra a candidata que mais cresceu nas pesquisas, estão sendo veiculadas pelas redes sociais. Seriam verdadeiras? Seriam mentirosas? Os que são contra Dilma, dizem que as denúncias são feitas pelo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Isso seria verdade? Lula usaria o mesmo veneno denuncista que também sofreu? Não acredito, mas tudo pode ser verdade para que o PT continue no poder. Mas, será que essa onda de denuncismo pelas redes sociais engrandece ou empobrece o regime democrático? Já vi esse filme antes, só que em preto e branco, só que menos nítido! Era um tal de dossiê contra Lula, até uma filha bastarda foi usada contra ele!

Na questão social mais grave do Brasil, o aparato policial utilizado para a desocupação de um hotel invadido por famílias integrantes de um movimento que luta por moradias em SP me pareceu coisa de filme de guerra. Durante o despejo, vândalos que nada tinham a ver com o problema de moradia se aproveitaram do tumultuo e saquearam lojas, destruiriam patrimônio público que é de todos, queimaram ônibus e outros atos não diretamente decorrentes do problema social gravíssimo que ainda é a falta de moradia no país. Por que o Governo Federal não faz um levantamento para conhecer todo o patrimônio abandonado que possui e os destina à “Minha Casa, Minha Vida”. Com pequenas reformas, poderiam servir de abrigo para muitas pessoas, do que insistir em um projeto que serve mais para desviar e enriquecer políticos com recursos públicos do que para quem precisa de moradia.

Mesmo a presidente Dilma Rousseff, tendo anunciado em seu último programa “Café com a presidente” que “mais de dois milhões de moradias foram contratadas pelo Governo Federal”, por meio do programa “Minha casa, Minha vida” e outras 1,4 milhão de residências já teriam sido entregues à população, parece que nada aconteceu porque continuam os problemas da falta de moradia, saúde, saneamento, educação, segurança, só para citar alguns. Esses problemas continuam sendo crônicos no Brasil e aparecem mais fortemente na época eleitoral. Isso parece normal porque foi aceito pacificamente pela sociedade e os marqueteiros procuram inflamar ainda mais com novas promessas e os candidatos a cargos majoritários caem em suas “estratégias de marketing” muito bem pensadas e elaboradas.

Lembro que durante o Governo humanista de José Lindoso, no Amazonas, na década de 80, havia muitos pedintes hansenianos nas ruas da capital, em situação deplorável, se arrastando pelo asfalto a qualquer hora do dia. O governo decidiu construir casas para todos no bairro 11 de Maio, adquiriu fogão, geladeira e os colocou dentro, aprovou lei em que o Estado assumia mensalmente o pagamento de um salário-mínimo para todos, construiu hortas comunitárias, fábricas de tijolos e fez benfeitorias no bairro. Junto com essa ação social humanitária, o Governo fez campanha na TV e rádio pedindo para a população não desse mais esmolas aos pedintes hansenianos, mas só após a provação da Lei. O que aconteceu? Uma grande maioria vendeu suas casas com tudo dentro para famílias não hansenianas e voltou a mendigar no centro de Manaus. O mesmo pode estar ocorrendo também no programa Minha Casa, Minha Vida.

De certo mesmo é que o Brasil esquentou literalmente com a campanha eleitoral e parece que está queimando o cérebro dos “assessores” políticos em busca de mais fatos nascidos “dessa militância esquerdista denuncista” como dizia o famoso e inesquecível personagem de Dias Gomes, Odorico Paraguaçu, para responder às críticas de seus adversários à administração na cidade fictícia de Sucupira. Também correm pelas redes sociais denúncias de outros tipos vindos de revistas tidas como sérias e estão garantindo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria por trás de todas elas, mas não sei se isso poderia ser verdade. Até essa enorme repercussão dada a desvios financeiros na Petrobras, para atingir Dilma Rousseff, presidente de seu Conselho de Administração na época dos fatos, me parece ser fruto da inimaginável mente fértil dos marqueteiros de plantão

A polarização da campanha e as acusações entre as candidaturas do PT e PSB, o candidato do PSDB está se aproveitando para angariar mais votos e subir nas pesquisas pela corrida eleitoral que entre as duas candidaturas que se polarizaram está “corpo a corpo ou parelha a parelha”, como narrava o saudoso Ernani Pires Ferreira sempre ao final das corridas de cavalo no Joquei Clube. Ele só não poderá anunciar “e cruzam a linha de chegada” porque o mais famoso locutor do turfe brasileiro faleceu aos 77 anos depois de dois dias, internado no Hospital Espanhol, no centro do RJ, vítima de parada cardiorrespiratória.

Quem vencerá essa disputa? Nem Ernani Pires Ferreira poderá dizer, porque os candidatos continuam se dando coice na reta final de chegada e vencerá a “pangaré” que resistir a tantas denúncias, o mesmo tipo que faziam contra o ex-presidente Lula. Na democracia do Brasil, é veneno contraveneno e, se não morrer antes vítima das venenosas denúncias poderá subir a rampa presidencial, embora um pouco fragilizada e terá que unir o Brasil e enfrentar a dura realidade de ter que ser pressionada para conceder reajustes de preços para vários setores da economia que ficaram engasgados nas gavetas da burocracia da corrida eleitoral.

Quem quer que vença, seja bem-vinda ao Brasil real e não ao Brasil montado pelos marqueteiros políticos, que ora está perfeito, em outro momento está destroçado pelo partido que “ai está”, como os políticos diziam na época do Governo Militar!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 17/09/2014
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