GRITO

Olho pelo retrovisor, e vejo o caminho que acabei de passar... aos poucos, vou me distanciando daquele ponto... mas tenho de voltar a minha atenção para frente, senão a distração pode ocasionar um acidente. Faço o contorno na esquina, e de repente, aquele ponto não está mais... somente poderei vê-lo novamente se eu der a volta na quadra. Faço isso... uma, duas, três... perdi a conta.

Um relacionamento não funciona com a mesma dinâmica, pois apesar de sempre podermos voltar para ela, o tempo passa e muitas coisas mudam. Eu mudei, ela mudou... as circunstâncias... o ponto não é mais o mesmo... está mais para uma interrogação.

O maior problema é a metamorfose... o estado contínuo e constante da mudança das pessoas... não há como ser cartesiano como o princípio científico de Descartes... mas adotando sua vertente filosófica, se penso, eu existo.

Eu penso, eu existo... mas é suficiente para ser feliz... lembro de "Paralelas", música antiga em que remete um desespero quase palpável a agonia e desesperança. Que vida é essa ???

Minha vontade é sair gritando no meio de uma multidão em que grande parte vai pensar que sou desequilibrado, e pouquíssimas pessoas vão prestar atenção nas palavras que ecoam da minha boca. Apesar do homem ser uma ser sensorial, ignoramos invariavelmente esse dom e desprezamos... com isso, vou me sentir incompreendido e ainda mais revoltado.

Bem.... preciso voltar a sanidade... nenhuma loucura que eu faça vai estancar a minha dor... sorrio e abaixo a cabeça, aliviado pelo desabafo...

cotidiano
Enviado por cotidiano em 30/09/2014
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