Crônicas de Passa Quatro

Passeando pela cidade, noto que não tem como alguém não gostar daqui, o ar é puro, as árvores são abundantes e floridas, longos passeios com banquinhos espaçados, os habitantes são amigáveis e cordiais, na sua maioria, pelo menos.

A cidade é cercada de montanhas, pode-se dizer que está situada confortavelmente em um ninho, aos pés da Serra da Mantiqueira. Clima ameno e agradável. Longas ladeiras dão um charme a mais. Tudo muito bonito e encantador. Até parece um anúncio de agência de turismo. Mas na verdade não é bem assim. Passa Quatro é só mais uma cidade linda e encantadora do sul de Minas, como qualquer outra, o que faz com que seja interessante são seus moradores e suas peculiaridades.

Tem uma moradora tirando o sossego dos mais pacientes cidadãos, bem no centro da cidade, a guardiã da Rua Tenente Viotti, que late e avança em todos os desavisados pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas em geral. Na verdade até parece bem simpática à primeira vista, mas muito irritante ao passar do tempo.

A cadela, branca com uma mancha grande, preta e amarela na cabeça, foi supostamente adotada por duas famílias distintas, uma fornece a alimentação e a outra o abrigo noturno. Mas nenhuma quer saber da guarda total da criatura, ficando assim, diariamente protegendo, ou melhor, estorvando, os comerciantes e seus fregueses. Já virou patrimônio da cidade.

E por falar em comerciantes e seus fregueses, aqui, como em toda cidade pequena, não faltam novos empreendedores ávidos por abrirem seus negócios, o que na verdade é muito fácil, o difícil é sobreviver. Para falar a verdade, só os antigos e fortes sobrevivem. Nada de novo floresce por essas bandas. Um ou outro novo comércio consegue se firmar através do tempo, mas na grande maioria, as portas se fecham quase na rapidez com que se abrem. Como pobre pretensa escritora que sou, não tenho ideia da causa, razão ou circunstância, mas se algum dia descobrir, avisarei.

Continuarei escrevendo crônicas sobre minha graciosa cidade natal e suas particularidades, sem deixar que sua beleza e tranquilidade me ceguem para os seus defeitos, espero conseguir transmitir a verdade com humor. Vamos ver.

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 24/10/2014
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