Segunda, dia de atraso.
Conheço
um homem biônico
tem fé e era bravo
bom e não irônico.
O homem biônico
quase não caminha
reza de um jeito
tranquilizante gemico.
Era onze e quinze
num dia de feira,
O homem biônico
foi a beira
por conseguinte,
alguém salvou
o nome ninguém sabe
deve ser um anjo
de muito requinte.
Pediu morfina
e acho que nessa hora
pensou em alguma menina
O frenesi da filha que chora.
"Deus não é pai
se fosse pai
nenhum pai diria
ai!"
O sofrimento,
dói nos olhos
O tormento
leva a mente
a outros polos.
A vida se estende
quando quer
Longe da redoma
o viver mais
que parece
bem viver
simplesmente
por viver
Na sua frente
um caminhão!
Remédio e água ardente
não ajuda a saber
o que fazer
com a mão
Diante
do conluio do ego
naquela segunda
o humor cego
abraçou a morte
mas ela estava atrasada
porque era segunda
isso que é sorte!
Surgiu uma estrada nova
agora de perna biônica
eita vida cômica!
que se renova,
e se aceitar o que vem
ela aprova,
e oferece algo que sobra
do bem que ainda tem
A morte deveria se atrasar
todos os dias
e todos os dias
deveria ter um anjo
nas rodovias,
para salvar
quem ainda tem
alguém para amar.