Imagens: Moacir Ferraz/ mostra de sua arte "Borboleta"
 
Cartão de Natal
 
Final de ano, tempo de Natal. Hora de festa, de encerramentos. Comprar presente, enfeitar a casa, preparar ceias. Estas são algumas das tradições desta época. Há quem goste, quem não goste, mas isso não muda nada, elas vão acontecer.

Certo ou errado gostar de Natal? Nem certo, nem errado.  Questão de costume, de gosto, de temperamento, de condições ou outras razões pessoais. Há quem não goste por falta de dinheiro. Há quem adore por sobra de dinheiro. Há quem equilibre e fique no mais ou menos, se conformando com o que der.

Há quem não goste por questões familiares. E se o Natal é a festa da família, também é tempo de pensar em quem já não está, em quem já se apartou, em quem não veio, em quem não ficou. Há os que vão contar os minutos pra que tudo aconteça. Há os que vão contar pra que tudo termine. Há quem não terá um pedaço de pão. Há quem terá fartura e desperdício. Há quem terá brinquedos de sobra, e quem terá uma lágrima de filho implorando um mostruário de vitrine, e no bolso, nem um tostão.

Há quem reze e peça pelo Mundo. Há quem nem saiba o porquê da celebração. Há quem ache tudo uma sandice, e até quem faça certa confusão: Quem é mesmo que aniversaria? Jesus Menino? Ih, mas faz tanto tempo que o Pequeno nasceu e ainda estão lembrando isso? Escutei, ainda ontem, alguém reclamando de tanta atenção para fato tão antigo.

Opiniões à parte, alegro-me com alguns detalhes que fazem parte desse tempo, principalmente pela gentileza e elegância que representam: um deles são os cartões: pelo correio, em envelope tradicional, escrito à mão. Não é uma delícia, recebê-los? Em tempos facilitados de e-mails, Redes Sociais e whatsApps, nutro especial simpatia pelos Correios. E receber um cartão tecido em letrinha bem traçada, à caneta e carinho, é algo realmente comovente.

Boa, muito boa, essa sensação de abrir ansiosamente o envelope a fim de descobrir o nome de quem lembrou e escreveu. Foi assim com o cartão que recebi ontem à tarde: em flores e azuis, linda reprodução do original “Borboleta”, de Moacir Ferraz — nome consagrado no livro dos pintores com pés e boca do mundo. A Arte me encanta, a sensibilidade me toca. Não é uma alegria se ater a cada detalhe?
 
E ao abrir o cartão, a mensagem de agradecimento: carinho e reconhecimento por algo que fiz neste ano. Sinto-me importante — não pelo que fiz — mas porque fui lembrada como alguém que fez. Isso é alimento para a vontade de fazer mais. Saudações Natalinas e votos de harmonioso Ano Novo. Quer coisa melhor? Opiniões à parte, um cartãozinho assim faz uma diferença enorme.

Então começo bem meu tempo Natalino, já com vontade de realizar no Ano que vem. E no voo desse “Borboleta” de Ferraz,  tomara eu possa sair por aí, pintando com leveza e  cores novas, os novos tempos que — espero — esperam por mim...


 
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Obrigada ao querido amigo, escritor e Presidente de Honra da ACADELP — Academia Lagopratense de Letras —  Dr. Ciro dos Santos, a quem dedico estas linhas... Um abraço.


 Nota: Moacir Ferraz pintor desde jovem, morador de Lucélia,  tem seu nome consagrado no livro dos pintores com pés e boca do mundo, descobriu o seu talento quando criança e com o apoio de seu pai, começou a pintar telas de paisagens de onde passava.