NEM TUDO QUE PARECE É.

Uma nuvem no céu, por mais que nossa imaginação nos leve a ver um elefante, uma borboleta, é apenas uma nuvem. A imaginação nos permite criar, renovar, reconstruir, mas, muita vezes, realmente nos prega peças. Uma sombra na parede do quarto à noite pode sugerir um monstro, pronto a nos atacar durante o sono. Assim, em defesa, cobrimos a cabeça com o lençol, como se isso nos mantivesse a salvo do perigo, mas é apenas uma inofensiva sombra na parede. A verdade é que as coisas são o que elas são; nada mais. Nós é que temos a capacidade de ver nelas um potencial de transformação que elas não têm. Damos a elas poderes impensáveis; fazemos delas o que imaginamos que elas possam ser.

Assim é também com todo o resto em nossa vida. Julgamos ter o incrível poder de enxergar o que ninguém mais vê, de antever os fatos, de prever os resultados. Em conseqüência disso, podemos evitar sofrimentos, frustrações, momentos desagradáveis. No entanto, talvez houvesse uma possibilidade de que tudo aquilo nos trouxesse experiências memoráveis, cujo gosto não saberemos qual é, cujas sensações nunca descobriremos. O que fazer, afinal?

O fato é que tudo o que se refere à vida é único, incomparável e não pode ser substituído. O tempo e o espaço se encarregam de tornar cada situação inigualável. A pessoa que éramos ontem já não somos mais; o rio em que nos banharemos amanhã já não será o mesmo de agora, a segunda taça de sorvete nunca será igual à primeira. Se queremos ter na boca o gosto marcante da vida, não devemos nos esconder dela; se pretendemos conhecer suas verdadeiras cores, é preciso estarmos dispostos a experimentar todas as combinações; não apenas o branco e o preto. Não há receita, nem segredo para se viver. Precisamos apenas de uma coisa: coragem.

Everton Falcão
Enviado por Everton Falcão em 26/02/2015
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