OUTONO E TUA AUSÊNCIA

O fim de tarde despede-se nas cores ainda tímidas do início de Outono... Os sons dos pássaros fazem-me companhia, enquanto o vento acaricia aos poucos, folhas e flores dando-lhe movimentos.

O outono tem esse tempo de reflexão, de deixar-se levar, sem culpa, pelas lembranças que renascem ao sentir o aroma de café, que envolve a sala e os pensamentos... Observo o relógio de parede e seus ponteiros, indicando mais que as horas: misteriosos caminhos. E o fim de tarde aproxima-se em imagens, feito porta-retratos mágicos que aparecem e em seguida desaparecem.

Sinto uma angústia que de certa forma é bem-vinda, pois vem acompanhada de saudade. Essa inquietude que sinto com sua ausência ficou suave com a passagem do tempo, mas confesso que permanece viva e no outono, ela volta impregnada com o perfume da últimas rosas vermelhas que me presenteou, rosas que guardei...

Enquanto devaneio, uma das janelas da sala bate forte e fecha-se, talvez, ela também sinta angústia ou apenas aconchega-se a cortina de renda e aceita, conformada a rotina...

Vanice Zimerman

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