RUA FAUSTINO TEIXEIRA DOS ANOS 60

Durante três décadas, a Rua Faustino Teixeira número 300, foi o meu porto seguro, onde nasci e cresci. Ela era tudo que um menino sonhava, que um jovem estimava e um adulto podia amar. Na Rua Faustino Teixeira de tudo encontrava um pouco. Os vizinhos eram prestativos, os nossos parentes mais próximos, excelentes amigos e bons conselheiros.

Quem não ouviu falar do Chico do Inhozinho, José Ferreira, do Sr. Geraldo Fidelis, do Sr. Elísio Fidelis, do Pepê, do Raimundo Aleixo, do Sr. Tirézio e do Raimundo do Açougue. De dona Maria Guerra, de dona Iaiá e de dona Cecê. Da Sila costureira irmã do Martelo. De dona Ilca do Chico Carvalho, de dona Neide, de dona Terezinha do Hélio, dona Maria do Cristiano, da Marildes, da Marta e de dona Lucy do Jovete minha mãe. Não poderíamos esquecer do Totó, Popô, Porréia, Neloí, Pequé, Alberto, Pecão, Dão, Sodinho, Washington, Bentinho e Tostão, um time completo de futebol com um técnico. Assim como também não poderíamos esquecer de Vicente Anacleto e Marquinhos seu irmão, Ronaldo e Daniel leite, João Bosco, Eduardo e Lúcio Fidelis, Henrique e Hugo e os irmãos Jaime e Ranufo. E de muitas outras pessoas estimadas que guardo bem dentro do meu coração.

Na Rua Faustino Teixeira tinha de tudo e de boa qualidade. Os meus parentes moravam todos ali. Os meus amigos chegados eram o Chico e o Cheiro, Vicente, Cadu e Nelson, Pedro, Alarico e Oswaldo, os irmãos Sérgio e Toninho e o caçula Vicentinho da Odília.

As meninas e as moças de minha rua eram encantadoras por natureza. Não era qualquer flor que lhes competia em beleza e formosura. Todas elas eram bem protegidas por suas mães, irmãos e parentes e gosto dos pais. Toda esta proteção fazia delas as belezas mais cobiçadas. Isto era maravilhoso, porque todas elas tiravam partido deste altar. Na Rua Faustino Teixeira, Deus não economizou beleza. Não tínhamos jardins na rua, mas em toda casa sempre apresentava uma ou mais flores naturais. Em Bom Despacho já tivemos o jardim Sem Flor, mas em nossa rua era diferente, eram muitas flores sem jardins. Feliz o homem de nossa cidade ou região que escolheu como esposa uma filha de nossa querida rua. Segundo São Francisco de Assis ´´ A beleza precisa ser cultivada porque o amor se descobre por si e não tem como escondê-lo ``.

O dia em nossa rua começava ainda escuro. Junto com o cantar do galo ouvia o grunhido do porco, o tropel do cavalo, o latir dos cães e o pisar forte de homens correndo para o trabalho. Toda esta movimentação era um convite para saltar da cama ainda muito cedo. Sem ser visto, aproveitando a ocupação de minha mãe, saia sorrateiramente e ganhava a rua. O meu coração enchia-se de alegria, de perceber a poesia no vigor dos homens e daqueles pessoas de família.

O dia era maravilhoso e interminável. Depois da escola, do passeio e da brincadeira, já podia sentir o cansaço do escurecer que me abatia.

Antes de ir para cama, nós meninos da Faustino Teixeira, costumávamos ouvir em silêncio dona Lourdes da Mariquinha do Berto declamar poemas de Camões e outras mais. A sua mais brilhante atuação se fazia quando declamava ´´ A fumaça do cigarro ``. Sua voz era eloquente e os seus gestos carinhosos e suas expressão era sublime e de profundos significados. Os seus poemas faziam soltar lágrimas no canto dos olhos. O meu coração de menino batia forte cheio de fervor patriótico, do homem que já ensaiava nascer. Quanta beleza eu vi surgir no chão batido da rua em que eu nasci. Muitas coisas eu vi entrar e sair. A alegria das pessoas que eu conheci, na rua onde eu nasci, esta permanecerá para sempre bem junto de mim.

Este pequeno ensaio literário eu ofereço aqueles que vivem e que um dia viveram ali. É uma singela homenagem a rua em que eu nasci. A rua em que eu nasci é o meu pai, a minha mãe, os meus amigos, a minha terra e o meu país.

Finalizo este pequeno ensaio parafraseando Santa Terezinha do Menino Jesus: ´´ A minha rua é o coração de minha pátria, senhor. `` O presente inesquecível que um dia ganhei e que possuirei para sempre, porque faz parte de mim.

Professor Ronan
Enviado por Professor Ronan em 06/05/2015
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