Contradições de uma sub-Bialidade

Seria muita bondade de minha parte considerar que você foi infeliz no seu polêmico texto sobre a morte do cantor Cristiano Araújo. Não, Zeca Camargo, você foi sim um fanfarrão. Quem é você para criticar a comoção popular pela morte do jovem cantor? Como pedir a um pai ou a uma mãe para não se comover ao ver o sofrimento dos pais do artista e os de sua namorada? Onde você enxerga "exagero" nisto? Somos pais, somos mães! Temos filhos e sabemos a dor destas pessoas! Não Zeca! O Brasil não quer substituir Ayrton Senna e, muito menos, a Princesa Diana, pelo Cristiano Araújo. O Brasil apenas tem coração. O fato é simples! Você que quis complicar. Exagerada foi a soberba e ignorância contida naquele seu texto, enraizado em contradições. Primeiro, você diz que o cantor era "tão famoso e tão desconhecido”. Como assim? Ou você é famoso ou é desconhecido. Disse que era desconhecido pois “não passou pelo crivo da grande mídia e arrastava multidões ao seus shows". Bom, eu não sei o que é grande mídia pra você, mas se Altas Horas, Programa do Ratinho, da Eliana, da Fátima Bernardes, Faustão, The Noite não representarem a mídia, eu não sei mais o que representa. Sem contar com as execuções de suas músicas nas rádios de todo país. E depois você ridiculamente diz que o fato de todos se abraçarem durante esse triste acontecimento tem um “fundo no desejo coletivo por catástrofes para expurgar nossas dores”. O que você queria Zeca? Que, ao nos depararmos com a notícia de que um rapaz talentoso, de 29 anos, em plena ascensão e sua namorada, de apenas 19, morreram de forma trágica em um acidente de trânsito, de maneira tão violenta, que simplesmente ignorássemos? Mais uma vez digo: Não Zeca! Nós não desejamos estas coisas! Nós apenas nos emocionamos com elas! Você sabe o que é isso? Mas a sua inépcia não acaba por aqui. Agora vem a parte mais repugnante e ignóbil de seu catastrófico texto. Quando você diz que Cazuza, Curt Cobain, Airton Senna, Mamonas Assassinas, Princesa Diana, Michael Jackson, esses sim merecem comoção, pois “eram ídolos de longo alcance”. “Mas Cristiano Araújo? Quem é esse?” Esse não merece nenhum tipo de sentimento pois não passa de uma figura “relativamente desconhecida”. Confesso que que foi uma das frases mais soberbas, preconceituosas, para não dizer hitlerianas, que já passaram pelos meus ouvidos. Então quer dizer que só podemos sentir compaixão por “ídolos de longo alcance”. Somos todos iguais, querido Zeca. Somos todos humanos! Vou pular a parte dos livros pra colorir pois foi simplesmente jocosa a sua inferição. E sobre a “pobreza cultural” do ídolos modernos, penso que você não é a pessoa mais indicada pra criticá-la. É cultura mostrar a piscina da casa do BBB ou dar milhões para um ex-jogador de futebol emagrecer? Isto é a cultura que você tanto almeja? E depois de tanta asnice, você ainda conseguiu piorar, desculpando-se quase que coagidamente e trocando o nome do rapaz. Você mandou muito mal, meu velho!

Sabe o que é pior em pessoas com você, Zeca? É que vocês endeusam figuras como a do Pedro Bial e desprezam a do Tiririca. Errôneamente, pois cada um deles tem seu valor. O primeiro é respeitado entre os letrados e o segundo é compreendido pela massa. E você, numa tentativa frustrada de ser Bial, não consegue nem ser Tiririca. Pois os intelectuais não te respeitam e o povo não te entende.

Jack Cannon
Enviado por Jack Cannon em 02/07/2015
Reeditado em 02/07/2015
Código do texto: T5296737
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