O QUE NOS RESTA!?

O QUE RESTA!?

Postes de ferro, um emaranhado de fios oxidados e gastos pelos tempos, um pouco acima dos telhados que tem a cor de muitas estações, ruas apertadas, calçadas com pedras e cal. No ar, revoadas de pássaros, o vento assobiando na copa das figueiras da Praça da Misericórdia o hálito da felicidade. Uma mente fugaz, desejosa, percorre os rios das recordações e navega nos mares da solidão.

Há quanto tempo habito este mundo? Não tenho ideia, quando se está em um lugar onde não há noção do tempo, ou quando vivemos em mundos paralelos. As vezes experimentamos sensações outras, tão absolutamente reais, que nos fazem pensar que a vida aqui, agora, possa parecer uma mera ilusão. A vida não é sem sentido, apenas, nós a fazemos parecer uma alucinação. Assim, meus olhos se arregalam na escuridão do meu quarto, eu busco a luz vermelha do relógio de cabeceira: quatro e meia da manhã, então, eu desligo e volto novamente aos sonhos...

É, que após os sessenta a vida é de espera. Que seja breve, indolor ou que demore pelo menos mais uns 15 anos, para que consigamos concluir algo que não conseguimos até agora e, continuamos a navegar na nevoa da ilusão ... Que ironia! Já temos mais passado que futuro e, muitas das vezes nem conseguimos administrar esse suposto futuro. Queremos tanto amar, a uma velocidade que as nossas forças já não acompanham já não podem alcançar. Como gostaríamos de ser seres alados, para encurtar as distancias e estarmos juntos novamente, ou pela primeira vez...

É que pela nossa própria natureza alçamos voos tão altos que possa nossa imaginação alcançar, assim, fugazes como nos pensamentos mas, voláteis que se dissipam sobre a aurora de um novo amanhecer... Mas, esse prenuncio desse novo dia, será que vamos viver esse momento ou seremos apenas notícias de muitos ou velório de alguns?

Precisamos tomar atitudes, não podemos nos culpar por omissão, precisamos amar, viver juntos, dormir agarradinhos e, amar todo o tempo que ainda nos restar.