As maritacas

Dias atrás assisti a um espetáculo de música e dança. E totalmente de graça.
O tempo estava fechado, era por volta das quatro horas da tarde de um dia frio e cinzento. Na madrugada do dia em questão havia chovido forte, muito forte, e o dia permaneceu nublado.
Estava sentado em uma cadeira de área olhando para as nuvens, olhando para o céu, contemplando o espetáculo daquele dia, um dia chuvoso na verdade, mas muito belo, e, além disso, um vento fresco e saudável entrava pela varanda, refrescava-me o rosto e todo o ambiente. Foi quando elas começaram a chegar. Uma, duas, três, quatro, cinco, e muitas outras maritacas se ajuntaram em cima dos postes, em cima dos fios, nas árvores em frente das casas.
Foi um espetáculo. Alegres, talvez pelo frescor do dia, pela chuva bem-vinda, elas fizeram uma verdadeira algazarra. Além disso, em todo o momento, além da cantoria, também dançavam em cima dos fios, escorregando os pezinhos pra lá e pra cá, numa sincronia só pertencente á esfera das aves. E como estavam verdes! Assim como a relva e a grama ficam mais verdes depois da chuva e as plantas mais viçosas, parecia que elas estavam mais verdes do que de costume. Confesso que não me lembro de ter visto um verde tão belo quanto ao verde das penas daquelas aves.
A apresentação demorou por volta de quarenta e cinco minutos. Por fim, para fechar a cortina de tão bela e natural exibição, ainda houve um namorico de duas aves no fio central, bem em frente á casa, bem em frente da cadeira onde eu me assentava. Percebia-se que uma delas, além do namoro, buscava encontrar alguma coisa nas penas da outra; com certeza uma forma de carinho do macho pela fêmea ou vice-versa.
Valeu a pena, como valeu o dia. E como se diz num ditado, valeu o ingresso.

 
Allves
Enviado por Allves em 22/12/2015
Reeditado em 06/02/2020
Código do texto: T5487779
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