Maré Alta II

A procura

É insana a procura das pessoas pela tal felicidade. Essa felicidade está dentro e não fora. É passageira, efêmera e não permanente o estado eufórico, o estado feliz, o estado alegre. Os outros momentos são “normais”, são momentos em que nem percebemos se estamos felizes ou tristes, apenas “estamos”. O que quero dizer é que é normal acordarmos e nos sentirmos velhos demais, feios demais. Como é normal acordarmos com um astral lá em cima, cantando. Somos irremediavelmente ecléticos, efêmeros e inconstantes. Temos que ser assim, é natural. Vivemos em um “meio” que nos molda a cada segundo. Se não acompanharmos essa mudança ficamos cada vez mais velhos. Perceberam o contraste? “se não seguimos e estagnamos ficamos cada vez mais velho”. O normal seria se seguirmos a diante vamos envelhecendo não é? Quem fica estagna, para, no sentido exato ficaria congelado e não envelheceria (rss..). Engraçado isso não é mesmo? Mas quem fica “fica”, envelhece até mais rápido. Quem segue se atualiza, envelhece de uma forma mais saudável. Sinto necessidade de chorar, as lágrimas me aliviam. Há pessoas, como minha irmã mais nova, que não consegue demonstrar realmente o que sente. Parece fria, não chora fácil, nem abraça tudo que vê, como a irmã dela, no caso “eu” (rss...). Conversei com ela e ela me disse que sente tudo isso que eu sinto, mas que não consegue externar. Acho que deve ser difícil. Fico aqui pensando em quantos rios ela deixou represado dentro dela. Quanto a mim, estou oscilando sempre. Não sou eternamente triste nem feliz. Deixo o momento me guiar, muitas vezes caio, quebro a cara. Aliás, minha cara está tão remendada de cair que acho que já tenho até uma cara nova, tipo Frankenstein. Você riu não riu? Chego a sentir sua risada ao ler essa parte (kkkkk). Gosto imensamente de fazer sorrir o outro, neste caso você. Estou conseguindo deixar de cobrar atitudes, cobrar atenção, de cobrar retorno. Estou tentando e juro que tenho até colaboradores que estão me ajudando nesta nova performance. Acho que todos têm seus momentos e me deixo disponível para ser respondida, procurada, sei lá. Embora muitas vezes fique meio vazia em ver que não recebi o e mail que estava esperando. Eu disse vazia e não triste entendeu? Vazia de notícias, com uma ausência de presença, nem que seja virtual. Ai me pergunto por que as pessoas economizam gentilezas, porque as pessoas economizam proporcionar alegria? Na maioria das vezes não percebem que só por enviarem um “Oi”, “como você está?”, mesmo que nem queiram saber, podem deixar a pessoa lá do outro lado se sentindo viva. Esse tipo de economia é meio estranho porque não se ganha nada com isso, ao contrário, se perde. Perdemos a oportunidade de fazer alguém feliz, nem que seja por algum instante. Eu, por exemplo, acho que existem pessoas que ficam com medo da exposição, ficam com medo de se sentirem ridículas falando determinadas coisas. Eu sou tão ridícula, falo pelos cotovelos, tento me controlar, mas alguma coisa mais forte do que eu não resiste e fala, fala, fala.....

Gosto de sentir o sabor das lágrimas dos outros, parece estranho isso, mas eu gosto de dividir a tristeza que o outro está sentindo, me parece que fica mais leve de ser suportada. Se estou certa ou errada é outra coisa. Mas gosto de por no colo, de ouvir e chorar junto. Algumas tristezas ou alegrias me deixam muda (vejam vocês: eu muda!!! Como assim?), sem palavras. Já recebi carinhos e gestos que me deixaram realmente “muda”, quando me vejo assim é porque as palavras não bastam para agradecer e nesse momento meus olhos gritam mais do que qualquer coisa. Esse estado da alma que canta, vibra e se emociona, sorri e dança se chama felicidade. Portanto, é um estado, um momento. Aqui dentro estou feliz, abrem-se diante de mim novas possibilidades de mudanças, estou prestes a experimentar novos ares, tenho algumas propostas encaminhadas. A possibilidade de acontecer algo bom amanhã já me faz caminhar e seguir. Existe o medo de nada dar certo? Não! Existe o medo de “algo” não dar certo. Vou experimentar, degustar esse momento onde a felicidade é só uma expectativa e a alegria me convida para dançar. Todos os dias abro a caixinha de e-mail e por vezes dou um salto de felicidade quando encontro um ”oi”, “como você está?” E quando não encontro, ao invés de ficar triste, imagino que nem todos tem o tempo que eu tenho, que nem todos estão dispostos como eu, que nem todos tem condições naquele momento de mandar um “oi”. Então, nesse exercício diário me vejo feliz só em poder ter a oportunidade de escrever este texto. Gratidão é a palavra que agora me vem à mente.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 26/07/2016
Reeditado em 26/07/2016
Código do texto: T5709547
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