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CONTURBADA VIDA LITERÁRIA
Ysolda Cabral  


 
 
Durante certo tempo namorei a Poesia. Tudo nela me encantava e até me proporcionava certa alegria, e inspirava canções que compunha ao violão, em noites de concertos no terraço de casa, quando mamãe dava um show de solos no bandolim, acompanhada pelo violão de papai.

Entretanto, sempre que nos encontrávamos; versos sem métrica, sem rima e até o sem sentido apareciam. Ela me dizia se tratar de metáforas para imprimir beleza, através do incompreensível que, seria indispensável à referida arte... Eu, na realidade, atribuía às metáforas, as coisas da pouca idade. As demais, métrica e rima; a distância que nos distava, no sentido literato, ignorando a condescendência da modernidade literária.

[Anjo de Guarda sou,
Sem grande serventia...
Anjo de Guarda tenho.  Coitado...
Vive em agonia! ]


A Poesia para um lado e eu para o outro, nada prosperava. A não ser a certeza de que não havíamos nascido uma para a outra. Disse-lhe adeus na festa dos meus 15 anos, enveredando, pouco depois, pelos caminhos da crônica e da prosa, em narrativas das coisas do dia a dia.

[ Lá se foi Maria...

Dona Maria morreu. Ninguém se conformou. Pessoa boa, não resta dúvida. Mas que adiantou ser boa? Viveu é certo, porém, para que, ninguém sabe. Não queria ir, mas foi. Não queria sofrer, mas sofreu. Não queria viver, mas viveu. Tudo isto é gozado. Pessoa alguma quer, mas tem que aceitar. Por quê?... ]


Arrisquei-me poucas vezes pelo conto, mas não gostei! Declinei dele uma vez que, a maioria é faz de conta que é invenção. Não tenho talento para inventar, ou reinventar, e/ou, ainda, inverter situações, casos, causos e sentimentos ,existentes ou inexistentes, advindos de fatos ocorridos, nem sempre benéficos, e/ou plenos de inteireza, de leveza, de nobreza e/ou de retidão; para contar, em contos, visando a exibição, a afirmação, e/ou a sedução de não sei quem...  

Resolvi me dar um tempo, ficando longo período limitada às correspondências comerciais, por força da profissão. Até que, em outubro de 2005, a Poesia, novamente, veio à tona e começou a me sondar, rondar, insistentemente! Sem resistir aos seus apelos, me deixei envolver.

Desse reencontro, nasceu o primeiro blogspot.com, o "Apenas Ysolda". Logo depois chegaram o II, o III e o IV. Deles, a edição de dois livros: o “Apenas Poesia” e o “Espaço da Ilusão’’. Porém, somente o "Apenas Poesia" foi publicado. Acontecimento que me trouxe enorme satisfação pessoal, no âmbito da minha limitada e conturbada vida literária.

Agora, há exatos onze anos, celebro esse reencontro desencontrado, e digo adeus, definitivamente, a ELA, a minha Poesia, principalmente a versada nos últimos quatro anos de intenso e apaixonado aprendizado, tendo, inclusive, ignorado o relevante e procedente aviso, publicado em Abril de 2012, que dizia:

[ O ''Ministério da Prudência'' recomenda:
Cuidado com o ''Mundo Poesia''
Para não o confundir com a Vida
Sob pena de muito sofrimento e agonia. ]
 
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