Personare 2 _ entre Pavlov e Freire

Farol do meu destino equilibra acima do meu corpo. Luz forte! A luminosidade clareia ainda mais os lençóis tornando-os mais branco que, o puro branco! Dois anos se passaram e, lá estava eu, novamente, entre os lençóis não tão macios, como, cantados naquela canção tão conhecida e reconhecida por você, Leitor!

Lá estava eu para ser operada pela terceira vez, novamente, anestesia local! Alguns minutos de espera... amorteceu o corpo, contudo, o cérebro redefinia as suas sinapses num redemoinho virtual! Alucinógeno! Comportamental! Pedagógico! Psicológico! ...

Como na sala de aula fui discorrendo com grande ímpeto: “Meus queridos o pensamento do comportamentalismo passou pelos estudos de Watson, Pavlov até se completar com Skinner, e foi dele a invenção da caixa de Skiner!” Neste ponto rolou um frenesi acadêmico e a teoria foi distrinchada!

Acredite! As teorias vieram aos borbotões! Passaram pelos estágios de desenvolvimento de Jean Piaget, o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) de Lev Vygotsky! Deu pano pra manga numa frenética discussão entre a minha pessoa, e, eu mesmo, a defesa da teoria de Maria Montessori! Eu, ali, deitada nos lençóis esbranquiçados, praticando no meu discurso inflamado, a defesa de Maria, vinculada, ao respeito às necessidades de cada estudante, dentro da sua faixa etária. Montessori dizia: “As crianças são capazes de conduzir o próprio aprendizado e ao professor caberia acompanhar esse processo.”.

"Não é possível pensar em linguagem sem ideologia e sem poder"

Esta frase tornou-se o mote para a minha apologia à pedagogia dos oprimidos, daquele que, se tornou minha paixão: Paulo Freire! A sua ideia de que o educador propiciasse ao seu educando "ler o mundo", me fisgou pelo estomago, ou, melhor, pela aprendizagem!

Tudo acabado! No teto as luzes corriam a sua São Silvestre diante e para meus olhos esbugalhados!

Horas se passaram... Drº Dino Bandieira faz sua visita clinica, pós –operatória.

“Tudo correu muito bem minha filha! Assim que chegar o resultado da biópsia vou delimitar o tratamento que iremos seguir!” Silêncio! Algumas lágrimas correm por meu rosto!

“Não se preocupe tudo vai dar certo! Desta vez, você se superou nas demonstrações das teorias do ensino e aprendizagem! A minha equipe ouviu tudo com muito interesse... todos saíram da sala de cirurgia aprendizes de pedagogos, ou, melhor, de educadores! Gostaria de aproveitar para marcar a minha escolha diante de seu discurso veemente, ela recaiu, sobre, Paulo Freire e a sua teoria dos oprimidos!”

Olhei nos olhos daquele médico, e, no silêncio da sua alma generosa, galguei mais um lance da escada da vida!