19. Eterna Vivacidade

A intoxicação tem poder de cura; assim me sinto. E é justamente do sentir que deriva tal rejuvenescimento de espírito; uma soma de sensações únicas que dão origem a uma nova lente para os olhos da alma.

“Que paradoxo terrível! Que crueldade! Que ironia!”, lamentou Sacks, “a vida interior e a imaginação poderem jazer adormecidas, a menos que sejam libertadas, despertadas por uma intoxicação!”

“Embriaguem-se”, comandou Baudelaire, “Embriaguem-se! É preciso estarem sempre embriagados! Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à sua guisa. Mas embriaguem-se!”

Durante os momentos de astigmatismo da alma, sinto-me desgraçado, reduzido, cego! Intoxicar-me-ei! Embriagar-me-ei! Vasculho o mundo, então, à procura de meus entorpecentes. E são tão variados... Jazem aos montes! Licores divinos, livros fantásticos e ervas mundanas! Guardiões da vivacidade e mensageiros da Morte!

“Mas o que conta é a Eterna Vivacidade; que importa a ‘vida eterna’ ou mesmo a vida!”, respingou sobre mim uma voz esplendorosa dos recônditos do passado.