Conversas de Mercado

— Eu evito o máximo de dormir em fora de casa, porque eu tenho mania de soltar pum quando estou dormindo! – Confessou Galba retirando um vidro de azeitona da prateleira. — Deus que me livre, aconteceu comigo uma vez na casa da sogra de Flavinha! – Ponderou Bela olhando o preço do vinagre. — Vixi, conta o babado mulher! – atiçou Galba. — Cá pra nós viu? Eu morro de vergonha só de lembrar o dia. Eu fui ajudar fazer as coisas para um churrasco lá, só estávamos eu, Flavinha e a velha Gerusa, pensei que era! Ai faz uma coisa daqui, faz outra dali, experimentando tempero de carne, maionese até uma hora que deu aquela torcida na tripa assim e eu com vergonha de falar com a velha que precisava fazer, inventei de pegar o rodo e sair limpando as coisas, fundei no quarto dela que tinha um banheiro tranqüilo, sozinho eu pensava! E lá relaxei, fiquei tão a vontade que deixei a bomba sair com força! Até que ouvi uma mexida na cama, ai travei, mas era tarde demais ouvi duas batidas na porta, fiquei quieta, bateu mais duas vezes, naquelas alturas eu suava feito pai-de-santo espiritado. Algum tempo de silêncio uma voz deu o tiro de misericórdia, — Oh Gerusa, vê-se desocupa ai que eu estou quase fazendo na roupa! Rápido! — Vixi Maria e o que é que deu depois mulher? Conta! – Falou Galba curiosa. — Foi Deus que intercedeu por mim! Com a demora o velho foi para o banheiro da sala, eu aproveitei e fui embora sem despedir! – Disse Bela empurrando o carrinho de compras. — Olha lá, olha lá! A filha de Walmicia olha o tamanho da barriga! – Exclamou Bela. — Essa menina casou? – interrogou Galba. — Mas é claro que não, isso ai dizia que era crente, mas não saia da casa de Eugênio dizendo que estava aprendendo a tocar flauta, eu sei a flauta que ela tocava! — Vamos passar lá perto dela para cumprimentá-la? — Vamos! – Apressou-se Galba. — Encosta ali na sessão de frios. — Oi menina você não é a filha de Walmicia! Indagou Bela. — Sim, sou! Respondeu secamente a moça sem olhar para as duas. — Ai menina que coisa boa, vem ai um netinho para Walmicia! Sorriu Galba olhando para a barriga da moça. — Posso te fazer uma pergunta, Já fazendo?, Quem é o pai? A moça riscava os itens de uma lista que carregava no carrinho com uma caneta, parou pensativa observando os semblantes frios das duas. — Sabe que ainda não sei, são tantos homens que vão lá na zona que é difícil saber, pode ser um dos seus maridos que são freqüentadores! Mas isso só com o DNA! Só isso? Passar bem. As duas desarticuladas ficaram plantadas no chão, observando a moça sair lentamente pescando cada coisa nas prateleiras que se seguiam. La fora Galba cuidadosamente confessou a Bela. — Pode ser filho do seu marido, eu me garanto na cama. — Ah eu duvido, quando a porta do nosso quarto se fecha a terra treme! – ponderou Bela. — Mas quer saber de uma coisa! – disse Galba. — Eu confio em mim, mas o diabo atenta e a carne é fraca, se for do meu marido eu perdôo. Bela baixou a cabeça e concordou. — Coitado do meu marido, aquilo é um santo, se foi ele, estava a mando do diabo.