JUSTIÇA PARA QUEM?
 
 
O ideal seria que houvesse justiça para todos. Mas o que entendemos de justiça?  O mundo ideal – este paraíso onde todos são uniformizados, que sonham os que pregam a igualdade, a liberdade e a fraternidade – não existe, nunca existiu e jamais existirá.

Como sonhar com um mundo perfeito, onde todos são imperfeitos?


O que eu tenho visto, é que para a maioria das pessoas, justiça é quando as coisas acontecem da maneira que elas querem – estejam certas ou não. Fala-se muito em direitos hoje em dia, mas ninguém fala em deveres.

Eu acredito que tem direitos aqueles que cumprem com seus deveres.

Viver não é fácil, não é brincadeira. Mas mesmo assim, tenho visto histórias de muitas pessoas que começaram suas vidas de maneira difícil, e que apesar de morarem em locais perigosos e violentos, foram capazes de não entrar no mundo do crime, e hoje tem vidas bem melhores. Conseguiram se profissionalizar, trabalham, tem suas casas, suas famílias e criam seus filhos.

É uma pena que se fale em direitos humanos assim que algum criminoso é morto, enquanto milhares de crianças estão, neste exato momento, morrendo de frio nos acampamentos de refugiados da Síria na Europa sem que os senhores dos direitos humanos movam uma palha sequer. Basta ligar a TV, e as imagens adentram nossas casas. E nem seria preciso ir tão longe.

Quantias são pagas às famílias dos criminosos que estão na prisão, mas nem um centavo é direcionado às famílias daqueles que eles mataram, estupraram ou aleijaram. Isto é justiça? E quanto àqueles que perderam os chefes de suas famílias devido a um assalto?

Os presos tem quatro refeições por dia, direito a banhos de sol, roupas, calçados, visitas íntimas, advogados. Prisão não é hotel cinco estrelas, e quem não quiser ir parar em uma, sabe como não deve proceder. Quem está aqui fora  precisa ‘ralar’ para sobreviver, e não recebe nenhum benefício, a não ser o dos frutos do próprio trabalho, e acho que esta é a coisa certa.

Se eu fosse escolher a quem ajudar, com certeza, não seria a um bando de assassinos, estupradores, esquartejadores, ladrões, vigaristas e traficantes. Não é meu problema se eles não foram “suficientemente amados” e que por isso acham-se no direito de arrancar das outras pessoas as coisas as quais eles acham que devem receber sem fazerem esforços. Acho que as prisões deveriam ser austeras – ainda mais do que já são – e que os criminosos deveriam ser submetidos a trabalhos em favor da comunidade – construir rodovias, reformar escolas e prédios públicos ou então trabalhar dentro das prisões, fabricando material escolar para crianças carentes. E sem direito a salário. Afinal, eles já nos custam um bom dinheiro.

Infelizmente, estas pessoas que estão nas prisões e que chegam ao ponto de esquartejar companheiros de cela, não tem mais jeito. Não é possível regenerar pessoas assim; mas é possível cuidar da infância e da juventude para que as crianças que estão aí fora não se tornem criminosos. É nelas que o país mais precisa investir, e não na construção de presídios.


E mesmo a imensa quantidade de crianças que estão aí fora não são responsabilidade direta da sociedade que paga seus impostos em dia; não precisamos nos sentir culpados por causa delas, por mais lamentável que seja a sua situação, e por mais que cada um de nós possa dedicar algum tempo a ajudá-las de alguma forma. A culpa é dos pais destas crianças, que agem irresponsavelmente, tendo filhos quando não são capazes de sustentar a si próprios.

Sou a favor do controle de natalidade, e por isso, já fui chamada de fascista e até mesmo, de nazista; incrível, é que a pessoa que me criticou com palavras tão severas, é totalmente contra o controle de natalidade (cada casal tem o “direito” de ter quantos filhos quiser, ela afirmou) , ma ao mesmo tempo, coloca-se  a favor do aborto.

Se eu deito a cabeça no travesseiro e durmo? É claro que sim. Porque eu procuro agir com responsabilidade. Se cada um de nós fosse responsável pelos próprios atos, o mundo seria bem melhor. Acredito que devemos ajudar as pessoas, mas as pessoas também devem ajudar a si mesmas. Existe sim, muita miséria no mundo – desde que o mundo é mundo – e não me sinto indiferente a ela, mas também não me sinto responsável por ela, e muito menos, culpada.

Não acho certo querer fazer com que as pessoas sintam-se culpadas pelos atos de terceiros a fim de que políticos oportunistas possam empurrar pelas suas gargantas a ideia do socialismo. Este regime não passa de comunismo disfarçado, vontade de poder, um poder que se chegar às mãos de quem o deseja, logo se transformará em tirania. Uma tirania ainda pior do que aquela que tais pessoas clamam combater.

Todo mundo pode ajudar alguém, seja ensinando uma profissão, dedicando um pouco do seu tempo livre para assistir alguém doente, dando um prato de comida a uma pessoa faminta que está na rua, fazendo doações das coisas que não mais necessita e que abarrotam os armários de suas casas, comprando material escolar para crianças carentes, enfim...  e isso nem pode ser chamado de caridade.

Se quisermos ver um mundo diferente, temos que começar conosco mesmos. É em cada um de nós que ele existe e espera. Defender o indefensável não vai melhorar nada. Incutir sentimento de culpa em quem não a tem, muito menos. As pessoas não crescem sentindo culpa ou se achando vítimas da sociedade, mas sendo responsáveis por si mesmas.




 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 17/01/2017
Reeditado em 17/01/2017
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