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Imagem Google


SOU ÍMÃ PODEROSO 
Ysolda Cabral




Eu, para gente espaçosa, sou que nem chão para biliros. Se prendo o cabelo com cinco ou seis; uns dez, ou doze, já foram parar no chão há muito tempo. Dali, terminam indo para o lixo, porque ninguém quer se dar ao trabalho de apanhá-los. Vivo comprando caixas e caixas. - É impressionante! Mas, tudo bem. Não ligo!

O problema mesmo é o ímã que sou para pessoas espaçosas, mal-educadas, e que só pensam nelas mesmas. Essas, a gente não pode varrer do ''chão'' da Terra. Podemos sepultá-las, ou cremá-las se possuírem recursos. Normalmente não possuem, e vivem anos e anos, invadindo espaços que não lhes pertencem, a atanazar a vida dos outros.

Não incomodo ninguém. Mas, como sou incomodada! Chego ao cúmulo de andar descalça, dentro do meu apartamento, somente para não incomodar os vizinhos do andar debaixo. - Tanto eu, como a minha filha, agimos assim. Porém, não tem jeito, não! - Como as pessoas adoram perturbar, irritar, tirar o sossego!... É som alto demais, idem para as conversas; entram e  saem e não fecham os portões de suas garagens; usam martelo e furadeira a toda hora, queimam lixo sem nenhuma necessidade... Enfim, não respeitam nada e nem ninguém. E é por aí que começa o martírio, o sofrimento daqueles que não são assim.

Quando resolvo fazer o translado, casa / trabalho / casa, de ônibus, sou ímã poderoso! - Pois não é que me sento observando os limites do meu assento, e a outra pessoa entende que estou lhe dando mais espaço para se espalhar no dela e invadir ainda mais o meu, obrigando-me a ficar totalmente espremida! Se eu estiver junto a janela, vejo a hora cair no meio do trânsito, e aí ''adeus'' Ysolda, pra valer mesmo! Agora, se eu estiver no lado de dentro, (lado do corredor), aí sou apertada dos dois lados. Se eu cair, sou, literalmente, pisoteada. Se, num ônibus opcional (com ar-condicionado), isso é ruim, imaginem num ônibus comum! 

- Hoje teve forra! Revanche para valer!...

Mal sentei, junto a janela, chegou uma excelentíssima  ''senhora,'' e se espalhou como quis e bem entendeu. Encarei e me espalhei, também. - E, segurei pra valer!  Ela, então, se superou, ''sacando'' o celular, e apoiou o cotovelo bem nas minhas costelas. - Aguentei firme! Sou forte, sou fera, sou Ysolda!...  E, comecei a cantar baixinho, - somente para ela escutar - , porém fazendo um leve acompanhamento com os pés; aquela canção que diz assim: '' Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam, incomodam muito mais,...'' - E, ela não aliviou a pressão!

Cheguei à minha parada com as costelas doendo horrores, os pés cansados, e na cabeça uma manada de elefantes... - Estava, literalmente, exausta!

Mas, porém, contudo e todavia, fui recompensada quando ela odiou ter que se levantar para me dar passagem. -  E que ódio mortal!

- Ô coisa bem empregada! 

 
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Praia de Candeias - PE
De Peito, Costa e Costelas Lavadas 
24.03.2017
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade, sem pudor. 

Se quiser escutar a canção também, acesse:
www.ysoldacabral.prosaeverso.net