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Mais uma daquelas noites em que tenho que resistir para não inexistir, é a única alternativa, muitas vezes não ter opção até aparenta ser algo combinado, porém, eu já começo a escrever de modo errado, pois não queria que parecesse um desabafo, afinal, eu apenas estou sem opção.

Isso é o que mais me incomoda, não poder voltar, chorar, fracassar, desistir, por que eu não tenho escolhas, eu só tenho que ir, mas não sei para onde, talvez em frente, aonde esteja a solução para esse meu embaraço, mas na verdade não sei nem por que estou aqui, e então eu me recuso a sair deste quarto, mas nada parece ter noção, às paredes me olham.

E então eu sou a minha única companhia, outrora isso me seria motivo de alegria, mas isso de ser sozinho me trouxe uma tremenda solidão e ela me impede de abrir aquela porta, que de tão estática parece concordar com a minha opinião, pois quem cala não tem nada a dizer e não diz nada só te observa de soslaio e ás vezes até rir da situação.

Mesmo assim, eu ainda conto com a companhia dos meus livros, e os olho como olha um pai para um filho por ele abandonado, ás vezes tenho pena, me sinto culpado, e noutras eu simplesmente ignoro e mudo o olhar de direção, e então eu passo a me arrepender, mas não me julgueis por ser assim tão fechado, não é minha culpa se não consigo sorrir, é que eu não consigo mais ler, ou pelo menos não mais o faço sem me cansar, o que eu mais gostava de fazer, é sinônimo de doer, e de frustrar.

Então eu tive que essas palavras escrevinhar, na esperança de que eu pudesse entender, que pudesses viver, e enfim pudesses me achar, e ou até mesmo que em algum fim de tarde, uma página ou outra, eu conseguisse folhear.

Uil

Elisérgio Nunes
Enviado por Elisérgio Nunes em 22/05/2017
Reeditado em 22/05/2017
Código do texto: T6005697
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