O preço de uma paquera

Dia de viajar para casa, só de pensar na viagem já fico estressado. Ainda mais quando é nessas épocas que as famílias se reúnem e as conduções ficam lotadas. Já havia dispensado uma van, por esse motivo, não podia dispensar outra. Olhei para o veículo lotado, pensei em pegar o proximo mas teria que esperar mais uma hora, e o pior: com certeza a próxima estaria lotada. Então respirei fundo e entrei no aperto. Me encostei ao lado de uma cadeira em que estava uma senhora idosa, acompanhada por uma mulher que parecia sua filha. Estava reclamando em pensamento e lembrando os motivos da minha tristeza, pois estava muito triste nesse dia. Quando olhei para a cadeira de trás e vi um garoto, branco, olhos claros e uma boca linda. Naturalmente não conseguia olhar pra outra coisa. E aquela presença na van já me consolava um pouco. Ele me olhava também, disfarçadamente mas olhava. Daqueles olhares que entregam as intenções. Chegou a hora do rapaz ao lado das senhoras descer, e eu logo sentei no seu lugar. Só depois percebi o quão ruim foi aquilo porque agora não iria trocar mais olhares com o rapaz lindo da van. Ele estava atrás de mim, e agora, o que eu faço. Eu precisava dar meu número pra ele. Procurei algum papel na mochila mas n encontrei nada. Nem parecia a mochila de alguém que estuda e que enche a mochila de papéis inúteis. Havia só uma caneta, e eu a peguei. Procurei nos bolsos e nada de papel. Então, fiz algo que me fez sentir um pouco mal. Escrevi número em uma nota de 5 reais que eu tinha no bolso. Um pouco antes de descer, coloquei o papel entre a cadeira e a "parede" da van. E deixei cair para trás. Sim, foi uma loucura, eu estava arriscando. Perder 5 reais nos dias de hoje é coisa de louco. Mas, ao chegar em casa e abrir meu whatsapp. Vi um oi de um número não salvo. Com um frio na barriga abri a foto de perfil. Era ele, meu Deus era ele. Meus 5 reais foram um ótimo investimento. O que me rendeu esse dinheiro? Bom, isso fica para uma próxima crônica.