Mãe Geração Prozac

Quando ouvimos a palavra “mãe” logo vem à mente um ser superior, poderoso, inatingível, como um riacho tranquilo, mas que se torna uma tremenda cachoeira, de acordo com a situação. “Ser mãe é padecer no paraíso”, “Toda mãe é uma leoa quando o assunto é defender sua cria”, e tantas outras expressões que tentam definir esse sentimento que envolve a maternidade. Só uma mulher que conquistou essa etapa pode descrever o turbilhão que sua vida assume após o parto. De repente você se vê, de menina mimada e independente, se transformar em responsável por uma vida, em protetora da vida que há alguns segundos foi jogada em suas mãos. Se você estava preparada ou não pouco importa, a experiência virá com o tempo e a cada pedacinho de aprendizagem, uma carga enorme de amor toma conta de você. Enquanto seu filho cresce você aprende com ele e direciona seus passos de acordo com o que de melhor entende para sua vida. Você está no controle! Você ensina e colhe os frutos e as frustrações dos acertos e erros que surjam.

Mas uma fase temida dos relatos didáticos se aproxima, a adolescência, e você começa a se preocupar. Com quem ele anda, lugares por onde vai, atitudes que assume, tudo que antes era sob sua supervisão se esvai por entre seus dedos, sem perceber. Sim, porque na adolescência chega a fase da mentira, do experimentar, do esconder, do chocar, por mais que você tema, essa fase existe. Por mais que você diga que sabe tudo, nunca sabe e quando descobre se choca, como se fosse um absurdo seu filho, aquele ser que era seu fiel seguidor, de repente te tratar com desconfiança. A gente sonha em ser “amiga” e nos decepcionamos quando descobrimos que somos apenas “mãe”. Mãe é mãe, amiga é amiga e adolescência é uma fase normal de todo ser humano, onde aprendem a separar esses dois sentimentos. Os amigos tornam-se outros e você volta ao seu lugar de mãe. Simples assim!

Por isso é que mães de verdade são aquelas que deixam seus filhos voarem em busca de seus sonhos, deixam seus filhos aprenderem com seus erros e a cada machucado, assumem o papel de mãe que é estar ali para o que for preciso, só que, se solicitado. O filho adulto não é mais aquela criança que corria para você em busca de socorro a cada queda. O filho adulto se machuca e chora, chamando pela mãe ou não. As confidências mais secretas ficam pros amigos, mesmo que depois descubram não serem tão amigos assim. Isso faz parte dessa etapa de sua vida. Porém existem filhos que sucumbem aos problemas enfraquecidos pela vida ou porque são fracos por natureza, não importa o porquê. E existem a grande maioria que deixa a fase para trás com uma grande carga de aprendizado que o faz seguir e crescer cada vez mais a procura de sua felicidade.

O que resulta de tudo isso é uma vasta geração de “Mães Prozac”. Aquelas mulheres velhas e cansadas, muitas vezes com sede de viver cada vez maior, com uma casca adquirida que a faz afastar-se dos problemas, com pílulas na bolsa para uma eventual crise, porém que nunca são usadas porque ela teima que o melhor mesmo é abrir uma cerveja e comemorar a vida que lhe resta!