TEMPO MÁGICO

Tempo de carteiro íntimo na porta...

Escreviam-se, o paulista e a carioca, pré-adolescentes, 14 anos, ele exatamente 5 meses mais velho. Endereços no clube estudantil de correspondência. Tempo da frase clássica, todo início de tarde, voltando da escola: “Tem carta para mim?”

Quando as cartas chegavam, muitas das vezes traziam no alto a mesmíssima data - passaram a escrever horário, emocionante também, imaginavam-se, ele no quarto e ela na sala, não lado a lado, porém “misturados”, contando juntinhos as novidades ou filosofando teorias.

Quinze anos depois, dia do namorados, a secretária saiu do escritório com uma colega de tarefas, lanche matinal das dez horas, a caminho da padaria olhar vitrines e pararam na floricultura. Não havia quem lhe oferecesse uma flor naquele dia... só um amigo distante que gostava de rosas vermelhas. “Tolo pensamento. Bobagem...” Voltou à micro empresa: máquina de escrever elétrica esperando.........

Poucos dias, e chegou... carta. Professor de ciências. Tarefa para a garotada, 12 de junho no quadro-de-giz, dez horas no relógio de pulso, ninguém a quem oferecer uma rosa vermelha naquele dia, enviava mentalmente para ela. Muitas outras coincidências. Depois, exílio dele, França, Portugal, e mais datas e horários semelhantes, rompendo os fusos horários internacionais......... Na maioria das vezes, “sabiam” quando um estava escrevendo para o outro ou em emocional aflição...

Em década bem posterior, segundo paulista se meteu na rota... Eu e ela trocamos e-mails há seis anos, inúmeras vezes coincidem datas, coincidem exatíssimos horários.

(Não, eu não tinha a quem oferecer ontem uma rosa /na atualidade, ela prefere orquídea/, mas por pura maldade não enviei nem mesmo virtual.)

Será que ela é bruxa ou descendente direta de Joana D’Arc?

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 25/06/2017
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