Saudades de um amigo

Meu tamarindo querido como é triste eu te ver hoje abandonado sem ninguém.Tu que foste tão bem cuidado pelos meus parentes, e hoje vives assim condenado ao esquecimento total. Antes tiveste um passado alegre e tão feliz, depois que perdeste os teus donos nunca mais tiveste um só prazer. Tu que ainda és a última relíquia da casa dos meus avós paternos, meu eterno companheiro de infância um dia tu terás um reconhecimento bem maior por todos aqueles que te conheceram. Quantos momentos felizes eu não passei debaixo da tua sombra meu querido tamarindo? Quantas vezes eu li o meu querido José de Alencar, no aconchego da tua belíssima sombra! Um dia virá em que todos nós lembraremos de ti, meu amigo de infância. Um dia tu serás lembrado por todos os nossos vizinhos e amigos íntimos. Tu foste o amparo aos animais cansados pela fadiga do sol quente. Tu foste também o palanque das aves cantarem ao meio dia. Debaixo da tua sombra fresca eu armava a minha rede de tucum, para ler o meu querido Dostoievsky. Meu saudoso tamarindo tu vives no ostracismo da vida e eu também. Tu foste e és o único amigo que tive durante toda minha vida de menino órfão e pobre. Eu sei que não voltarás a ser o que foste no passado, no entanto eu não posso te esquecer. A minha infância triste foi feita bem poróxima de ti. És portanto o único remanescente da casa do meu avô Agostinho José de Santiago Neto, figura principal da minha ascendência paterna.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 26/06/2017
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