Melodia Fora Do Tom

Já não sei por onde andam os compassos do meu coração. Perderam-se à esmo em alguma melodia torta e sem sentido que perpetua sua imoralidade pelos bares da vida.

Desencontro-me, perdida e eviscerada, no labirinto de mim mesma. A essência rachou-me os lábios e impregnou-se no cheiro de cigarro e álcool que carrego comigo. Tornei-me apenas caricatura daquilo que fui um dia. Tornei-me espelho do que jamais serei. Com quantas decisões erradas é que se constrói um futuro, afinal? De quantas despedidas precisamos para ir de fato? Viver é um debochar obsceno e eterno, onde a razão somos sempre nós mesmos.

Aquele canivete guardado, agora tem poder de rasgar-me a alma. Aquelas memórias empoeiradas me açoitam como os chicotes da noite. E vejo tudo aquilo que jurei à mim não ser refletir-se no espelho.

Uso, indecente, uma xícara de café fumegante para engolir as verdades que dançam nuas à minha frente: Posso esconder-me de todos, exceto de mim.

Gabi Lima
Enviado por Gabi Lima em 28/06/2017
Reeditado em 28/06/2017
Código do texto: T6039347
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