A Representação dos Marginalizados na Sociedade Capitalista

 
Os Espetáculos que assisti no Festival Curupira de TEATRO, em 2017, foram muito enriquecedores para a cultura e a arte – Barbacena ganhou.
 
É o teatro uma linguagem artística que romantiza ou mostra através da representação a realidade. Romantiza quando idealiza a estética do belo e perfeito. Ou  também mostra, com o seu crível próprio, a realidade: problemas sociais para  se enxergar possíveis soluções.
 
Quem assistiu e acompanhou o festival na última semana de julho de 2017, em Barbacena, pode concordar comigo sobre o Espetáculo “Borra” da Trupe Investigativa Arroto Cênico:
Impactante! Pungente! Realista! Desmistificante! Desmitificador!
 
Quem acha que teatro é e deve ser repleto de beletrismo, positivismo (Augusto Comte) e romantismo viu e comprovou que é algo muito além disto.

O comum no cubículo dos marginais sociais masculinos foi representado por amontoado de homens, trapos, nudez, masturbação, estupro, violência, loucura, baixa estima... Quem é levado para passar uma noite ali por crime leve (enbriaguez) é jogado à sorte com quem foi condenado a anos de reclusão.
 
A proposta da companhia teatral foi mostrar o quê acontece em um presídio masculino. Contradizendo a idealização desta instituição carcerária de reabilitar o criminoso ao convívio social, ela promove, reforça e recalca ainda mais os vícios de comunidades que convivem com a marginalização e desigualdades. O espetáculo teatral nos tirou de nosso comodismo social permitindo a análise para melhorias da vida em sociedade.
A cadeia não recupera, diploma a delinquência.
 
Com esta mesma temática  foi apresentado o espetáculo “34” da Cia. Insólito de Teatro. O  representado agora era a cela 34 de um  presídio para mulheres. As personagens para evitar o óbvio da numeração da cela titular  se referia à cela vizinha,  “33” com seus dramas e tramas.
 
A violência ao feminino provoca a mulher violenta para salvaguardar suas crias, sua estima, sua sobrevivência. No presídio é mais uma vez violentada por nem sempre ter suas necessidades básicas satisfeitas. Faz do pão o seu absorvente. Faz da outra o seu afeto.
 
Fazem de seu crime a generalização sob o olhar misógino.
 
Se o capital marginaliza e criminaliza ele reproduz o criminoso preso a um círculo vicioso.  Faz também aumentar os desabrigados, andarilhos,  que temem também a violência.

Os sem-tetos e sem-empregos nada possuem exceto a rua e seus perigos. O  espetáculo “Belatriz” da Cia. Caixa de Fósforo bem representou isto.
 
Ali está um foragido da polícia que vive alarmado e em pânico. Ele  não entende a docilidade romântica do mendigo possuidor apenas de sua Poesia: panacéia que com a imaginação fertil o protege da total loucura. É ela, a poesia,  também seu capital intelectual, porque material só lhe restou seus trapos, seu livro e seu espelho que lhe diz quem ele é. Durante o dia se mira no autoreflexo e a noite procura e admira a estrela Belatriz de Órion.
 
Esteriótipos e arquétipos de conceitos e preconceitos de uma parcela abastada cujo vício é o acumulo de bens e capitais.
 
 
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Leonardo Lisbôa
Barbacena, 03/08/2017.
 
Maiores detalhes de Companhias Teatrais, seus artistas e síntese de cada espetáculo:
a. http://www.barbacenaonline.com.br/noticia/cultura/programacao-do-festival-nacional-de-teatro-em-barbacena
b.https://www.facebook.com/InstitutoCurupira/photos/a.127153967459484.23999.127096047465276/775532349288306/?type=3&theater
   
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 11/08/2017
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