Dor que acende uma estrela

Dizia Voltaire: "Menti, menti, alguma coisa há de ficar!". Acho que só foi isso que os nossos políticos aprenderam da obra do grande filósofo. Sabem que pelo menos algumas mentiras colam, passam por verdades. Pensam -e todo penso é torto - que conseguirão enganar o povo o tempo todo. Ledo engano.

Às vezes, nos meus momentos de pessimismo, chego a admitir que esse absurdo, ou seja, que o povo vai ficar enganado eternamente. E isso me dói muito, chego a chorar, juro.

Mas ainda confio no povo. Se não confiasse simplesmente enfiava minha viola no saco ou jogava na lata do lixo. Tudo bem, sei que os políticos estão fazendo gato e sapato com o povo, pintando o sete, virando as canecas, tratando o povo a pão e água, pisando, humilhando, ofendendo e, claro, roubando. Mas vão conseguir manter esse domínio até quando? Será qe a batata desses exploradores não estará assando? Será que não virá a gota d'água que vai transbordar o pote da paciência popular?

Sim, acredito que o povo vai se levantar, mais cedo do que pensam esses exploradores e algozes dos pobres (e também da classe média, ela já está entendendo que precisa se rebelar). Creio nisso, acho que o povo vai dar as contas desses desclassificados e exploradores.

Sempre recordo um poema de Thiago de Mello que sintetiza a minha fé no povo:

"As colunas da injstiça/ sei que vão desabar/ quando o meu povo, sabendo/ que existe. souber achar/ dentro da vida, ocaminho/ que lva à libertação./ Vai tardar, mas saberão/ que esse caminho começa/ ma dor que acende uma estrela/ no centro da servidão./ De quem já sabe, o dever/ (luz repartida) é dizer,/ Quando a verdade for flama/ nos olhos da multidão,/ o que em nos hoje é palavra/ no povo vai ser ação".

A dor, hermanas e hermanas acende mesmo uma estrela. E a estrela guia o povo. Amém. Inté.