De Viciado Funcional A Zumbi


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Até os anos '90, já haviam muitos alcoólatras, fumantes e usuários de maconha e drogas. Eram viciados, mas hoje, são todos chamados de Dependentes Químicos. Hoje, se a maconha é usada em algum tratamento ela é chamada de Maconha Medicinal, mas se for para fumar de boa, aí ela é Maconha Recreativa.  Engraçado que a prostituta continua sendo puta, mesmo sendo prestadora de serviços sexuais e/ou instrumento para o homem extravassar suas taras e fetiches, ou raiva.  
Muitos dos viciados eram funcionais. O termo funcional nem existia naquela época. Surgiu alguns poucos anos atrás. O viciado funcional trabalhava, e muito. Muitos só se permitiam cair no pecado do vício no fim do expediente na sexta feira e bebiam até domingo à tarde, enquanto outros não conseguiam ser produtivo sem tomar um gole de álcool ou fumar um baseado logo cedo ou no meio da tarde para dar aquela relaxada. Mesmo assim, davam conta das suas atribuições e responsabilidades, sem contar os bicos que faziam aqui e ali para pagar a escola de datilografia do filho ou as aulas de música e principalmente para manter o seu vício e não ficar mendigando atrás dos amigos e colegas por dinheiro.
Se não me engano, até os anos ´90 ninguém  chamava um ente querido ou um amigo de 'alcoolotra', nem de bebado. A gente falava, "Fulano bebe demais" ou "Coitada da fulana. Vai perder o marido para essa maldita cachaça". Bebado, só mesmo aquele que não aguentava ficar em pé e caia na calçada ou tinha que ser carregado para casa. Vagabundo bebia e não trabalhava. O viciado funcional não era vagabundo. Era trabalhador e era membro do seu sindicato da sua classe.
Quem já não teve um amigo chegado numa erva, num hemp? Com certeza não saiu por aí xingando ou falando que ele era maconheiro, fumeiro ou drogado, não é mesmo. 
O pessoal bebia, fumava e cheirava, mas eram funcionais. Eram trabalhadores que levavam o pão de cada dia para casa e não deixavam faltar o dinheiro da feira. Sempre compareciam para com suas obrigações e como cidadão porque do contrário, era crucificado e rotulado de incompetente, um pobre diabo que não dava conta de nada, um incapaz, um vagabundo. 
O tempo passou e com ele surgiu uma nova geração que não só cresceu vendo seus pais fumarem, beberem e se drogarem, mas que foi premiada com 50% de chance de ter herdado os mesmos vícios. O vício está registrado lá no DNA, assim como a identificação paternal. 
Essa geração nasceu vulnerável aos antigos vícios e sofrerá ainda mais com os vícios do mundo moderno e suas dezenas de novos transtornos mentais, emocionais e por aí vai. 


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Pouco se fala desses filhos que bebem mais que os pais e os avôs. Menos ainda das filhas que bebem tanto quanto ou mais que os homens de suas famílias.

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Ignoram o fato que o vício veio na bagagem dos genes, assim como a cor dos olhos e outras características mais. A dependência química pode estar adormecida, quietinha num canto qualquer, mas basta aquele primeiro gole de álcool, uma tragadinha no baseado ou uma cheirada de cocaína para despertar o pesadelo sem fim. 
Dizem que somos o que comemos e bebemos, portanto, muito cuidado, porque os filhos herderão aquilo que os pais consomem.
Hoje, beber, fumar, cheirar e injetar de tudo, até não puder mais, é fichinha para um adolescente de treze anos. A ousadia é de assustar. Não existe medo entre eles. Existe sim o desafio, a audácia, até a falta de vergonha. 


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O narguile virou mania, um vício, entre adolescentes, sem contar  a bebida alcoólica. Tudo muito fácil de conseguir. Nem é preciso RG falso. Money talks. Dinheiro compra tudo que é legal, illegal e mata. O que tiver rolando nas festinhas e encontros entre amigos, é traçado em grandes doses e longas tragadas. Em Joinville, tem shopping onde a única revistaria (banca de jornais e revistas) fechou e abriram uma loja exclusiva de venda de narguiles, tabaco aromatizado e acessórios. Os fregueses? Praticamente crianças que juntam suas mesadas com as dos amiguinhos para comprar o narguile e os tabacos dos aromas com os nomes mais tentadores como 'Whisky Bourban', 'Crush Ice', 'Tropical Explosion', 'Bali-Hai Coco' ... 

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Começa assim: cigarrinho, narguile, cervejinha, caipirinha ... e o danado do bichinho que está lá escondido no genes começa o rói, rói, rói.
Como alguém vai conseguir ser funcional se de pouquinho em pouquinho vira zumbi - literalmente um walking dead?
Pois é, pois é ... O admirável mundo novo será de Cracolândias e zumbis. Creio que Aldous Huxley jamais sonhou com tamanho horror ao vivo e em cores. Nem o Stephen King, o Mestre do Terror.

                                  

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Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 29/08/2017
Reeditado em 30/08/2017
Código do texto: T6098447
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