Viajando Na Saudade

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4 de outubro de 2014


Quando crianca, adorava ir ao Aeroporto Kennedy de Nova Iorque com os meus irmãos, primos e nossos pais para levar um parente ou amigo que voltava ao Brasil ou para buscar um parente que vinha a passeio ou logo de mala e cuia à Terra do Tio Sam.  Gostava porque via gente de todo lugar do mundo!


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Era dia para sair do meu mundinho e ver um verdadeiro desfile de gente diferente, falatório de linguas esquisitas, ver aviões pousando e decolando, sonhar em ser aeromoça, visitar aquela enorme loja de souvenirs que também era recheada de brinquedos, best sellers, gibis e aquilo que eu mais cobiçava: um almanaque enorme com todo tipo de jogos com palavras e jogos dos 7 erros.

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Sempre ganhavamos um dinheirinho para gastar com o quê queríamos: um doce, brinquedinho ou dar uma voltinha num mini carroussel, avião ou navio. Por ser um aeroporto internacional e famoso, as novidades sempre chegavam primeiro ao Kennedy Airport.

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Sorte a minha, dos meus irmãos e primos por esses passeios que nos permitiam correr naquele enorme espaço enquanto os adultos ficavam no terraço vendo os aviões ou aguardavam a partida ou chegada do viajante daquele dia. Ficávamos à vontade para explorar cada canto permitido. É óbvio que havia segurança total naquela época, e criança sabendo ler, não se perdia, e não incomodando ninguém, passava despercebida. Em todas as visitas que fizemos, e olha, foram muitas mesmo, ninguém nunca se perdeu ou se meteu em encrenca. Os tempos eram outros e as crianças também.
Adorava contemplar as indianas desfilando pelo aeroporto em seus lindos saris coloridos, brinquinhos no nariz, pulseiras e colares de ouro todo trabalhado e as tatuagens nas mãos. Quando fiquei mais velha, uns dez anos, e a indiana era realmente fora de série, chegava a 'acompanha-la' até o banheiro.  A curiosidade era tão enorme que procurava me aproximar ainda mais dessa mulher toda coberta de cores e mistério. 

    
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O proximo passo era chegar bem pertinho na hora de lavar as mãos e sentir aquele perfume que exalava dessa criatura. Só mais tarde viria a saber o nome desse cheiro: patchouli.  Quantas inúmeras vezes essas mulheres carinhosamente lançaram seus olhares meigos e aqueles lindos sorrisos, as vezes com algum ouro nos dentes, em minha direção, fazendo eu sorrir de volta. 

                              

Ontem, a Helô descobriu os lenços que eram da minha Mãe e um colar com falsos brilhantes ... Não deu outra. Brincamos e viajei no tempo. Quantas saudades do meu tempo de menina.

                 

A imaginação fértil da Helô rendeu uma bela aventura nas Arábias com direito a tapete mágico, um pouco de jardinagem com as fadinhas, aula de caligrafia porque a Helô está precisando, sessão filme com a Emma Thompson na pele da 'Nanny McPhee', almoço predileto da neta saindo mais tarde e lá pelas 15 horas, ela solta bem baixinho: "Vovó, tô com sono."
Acabou ... Apagou! Mas não das nossas memórias. Não é mesmo, minha indianinha dorminhoca?


                             A imagem pode conter: 1 pessoa, dormindo, close-up e área interna
Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 09/10/2017
Reeditado em 02/11/2017
Código do texto: T6137239
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