Amor Próprio

Andei me perguntando esses dias o quanto me amo. O quanto me amei no passado e o quando me amo agora. E me surpreendi com a resposta: quase nada. E enquanto me olhava no espelho e via o quão linda sou, o quão delicada, o quão corajosa e grande sou, e o quanto mereço ser amada, comecei a perceber o quão injusta fui comigo mesma, por anos, por uma vida inteira. Comecei a me questionar depois o por quê sempre foi tão difícil me amar. E a resposta foi: eu não me enxergava.

Enxergava todos, menos à mim. Porque antes eu olhava no espelho mas não me via de verdade. Olhava o meu rosto, mas não nos meus olhos. E notei naquele momento, enquanto algumas lágrimas caiam ao perceber o fato, que eu mereço o meu amor mais que qualquer um outro ser no mundo. Ninguém pode me amar tanto quanto eu mesma.

Pela primeira vez em muito tempo consegui me abraçar e me compreender e ver que minha fragilidade era a saudade que eu sentia de mim mesma.

Para mim o amor próprio não deveria ser maior que o amor pelo próximo. Mas sim, pode e deve. Porque ninguém sabe do valor do indivíduo mais do que o próprio indivíduo- quando esse se enxerga, claro. E isso não anula a humildade, porque quem se ama de verdade, é humilde com o outro. Quem ama a si mesmo sabe dar valor ao outro também, sabe que o egoísmo e a indiferença, a falta de sensibilidade, nada mais é que a falta do amor próprio.

Enfim, quando a gente se ama e começa a se conhecer, a se ouvir e a conversar com nós mesmos; passamos a questionar o que merecemos, o que queremos e o que devemos aceitar do que nos estão a oferecer. Começamos a nos machucar menos, a não nos sentirmos vítimas, a ter mais força, a sorrir em meio às adversidades e a agir com maturidade diante de algo que nos magoa.

Podemos perceber até onde conseguimos aguentar e a ir, pois passamos a respeitar os nossos próprios limites. Amar-se é acima de tudo, enxergar e respeitar os próprios limites.