Prova: sofrimento ou conhecimento?

Sala de aula. Dia de prova. Dia de assistir a diferentes comportamentos. De um lado, o aluno confiante, mas temeroso; sabe que conquistará a nota almejada, mas certamente sofrerá para isso. Do outro canto da sala, é possível encontrar aquele que literalmente está à espera de um milagre, por algum motivo não estudou, mas é detentor de uma fé, que move as montanhas de dúvidas e alcança a resposta. Como? Mistério! Já outros, embora tenham se esforçado e estudado, a pressão lhes tira a força e confiança, então suam frio e mal conseguem segurar a caneta, o coração parece saltar-lhes a garganta. Estes também apelam à religião, às suas próprias crenças, com isso, fazem a prova com terço nas mãos, se benzem ao entregá-la e até fazem um ritual que não conseguem explicar: beijam a prova para entregar ao professor.

São diferentes perfis, mas a preocupação circunda a todos. Claro, no dia a dia, se mantém essa preocupação? Certamente não. Gostam da conversa, da brincadeira e não resistem à piada no momento errado. Mas como não se apiedar de um cenário tão dramático como esse da avaliação? Saber que sua nota será definida ali, naquele momento, é estarrecedor. São várias as pressões. A família cobra, a escola cobra, o professor cobra. Mas todos também são cobrados por um resultado. Ficamos, então, todos em um círculo vicioso de cobranças e obrigações. Parecem um mal necessário que impulsiona o ser humano para suas conquistas.

Nesse cenário, acreditam que todas as situações sejam passíveis de negociação. Uma delas é a nota da prova. Depois de corrigi-la, o drama começa no momento da entrega. Tem certeza de que a primeira questão não está certa? Olha direito, professora. Acho que o gabarito está errado. Quando esgotam as possibilidades de correção, então o apelo chega. Preciso de dois décimos para alcançar a média, você vai ter coragem de me deixar? Nossa! Não sei por que tanta maldade. De monstro a salvador da pátria, essa é a imagem do professor, quando, por uma questão de pura matemática e sistema tecnológico, a nota chega à média tão desejada.

Regras quase são ultrajadas, notas tentam ser negociadas. E o jeitinho brasileiro parece embrenhar-se também no cotidiano escolar. Impedi-lo e mostrar o caminho correto é papel não só do professor, como também da família. É preciso criar jovens mais fortes para enfrentar as dificuldades, antes de psicopedagogos, antes de Rivotril, antes de diagnósticos rapidamente prescritos, devemos valorizar a capacidade desses jovens, estimular a autoestima e fazê-los acreditar que caminhos fáceis não vêm acompanhados do sabor da conquista. Mostrar-lhes que a fé é válida sempre será um bom caminho, mas depender dela para todos os resultados escolares é arriscado. Continuemos com nossas crenças, mas persistamos na rotina de estudos, estes certamente trarão não só a quietude necessária para os momentos da avaliação como também a certeza da consumação do conhecimento.

Perillo
Enviado por Perillo em 16/10/2017
Reeditado em 19/10/2017
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