Minha vida sem: Internet e Celular

Saudades do tempo em que não existia telefone móvel, poucas pessoas tinham condições de adquirir um fixo. Caríssimo, um luxo que nós os calangos sonhávamos em ter. Em criança queria um orelhão enfrente minha casa e me imaginava correndo para dizer “alô”. Falar com uma pessoa conhecida do outro lado da linha era mágico. Lembrar o jeito que ria mexe a cabeça as mãos ou inquieta remexendo-se no sofá... O e-mail, Whatsapp, facebook e o celular nos distanciaram dessa magia acabou a conversar agora é por mensagem. São as abreviaturas que nos deseducam diariamente, mas não é disso que gostaria de falar. E sim da saudade de ouvir palmas no portão de casa. Do sol batendo nos olhos de fazer sombra com a mão na testa abrindo um sorri são de boas vindas. Aquele parente ou amigo que não víamos há anos veio nos visitar. Trouxe o marido os filhos “nossa como cresceram” ou outro amigo, podendo até resultar num encontro amoroso se houver alguém solteiro em casa. Saudade de conversar e dar risadas pessoalmente de chorar de rir de bobagens... Saudade de ser surpreendida com o inesperado a presença.

Ninguém quer mais surpreender qualquer coisa me avisa pelo whats, manda msg ou a gente é amiga de face me chama pra conversar. Saudades de tocar na perna da pessoa para dizer, “tu te lembras...”

’ Saudades de correr para cozinha com a visita, preparar um lanchinho, um café regado a muitas lembranças, conversas às vezes triste “sabias que o fulano, morreu?” “Capaz Tchê...” E se emenda uma voz baixa saudosa contando o que se soube. Saudade de ouvir a visita ralhando com o filho” não mexe nas coisas da tia, vai brincar na rua”. De puxar uma cadeira segurando o riso por que se lembrou de um episódio engraçado, e tu contentes fazendo o agrado esperando já rindo por antecedência. Saudade do cartão de Natal vindo pelo correio lembro quando resolvemos mandar para os parentes e eles retribuíram. Quanta felicidade enfeitar a Árvore com eles. Saudade de levar a visita até o ponto de ônibus dar aquele abraço e três beijos e voltar para casa leve rindo sem nem saber o motivo.

Saudade de família que não precisa de convite para aniversário sabe a data se arruma e aparece sem avisar. Saudade dos pratos de salgados doces, refrigerante que cada um levava para comer na casa da visita. Da lembrancinha “não repara”.

Saudades de um tempo em que éramos mais próximos...

RÔCRÔNISTA
Enviado por RÔCRÔNISTA em 18/10/2017
Reeditado em 18/10/2017
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