RETÁBULOS

Na tarde do dia 18/10/2017, assistimos à conferência:

Arte colonial no Oriente: os retábulos da Índia portuguesa.

Proferida pela Profª. Dra. Mónica Esteves Reis (Universidade do Algarve), promovida pelo MAS – MUSEU DE ARTE SACRA de São Paulo/Capital.

Trata-se do levantamento feito pela pesquisadora em diversas cidades da Índia onde os portugueses estiveram presentes nos séculos XVI, XVII e XVIII, notadamente Goa, principal povoação desse período, que ganhou a alcunha de Goa Dourada pelo grande numero de igrejas católicas ali construídas.

É interessante notar que mesmo aceitando todas as inovações, como língua, leis, religião e as expressões artísticas do estrangeiro invasor, os artesãos locais incluem no desenho original, elementos da sua cultura, de sua crença ancestral dando origem ao sincretismo que é nosso conhecido.

Embora na cultura europeia, o macaco esteja relacionado à velhacaria, à esperteza, à falta de vergonha, no hinduísmo ele é a personificação do deus Hanuman e é considerado como sábio, diligente, benfeitor, pois bem há retábulo em que aparece a figura do macaco, o que pela lógica católica não poderia ser, mas que se justifica se pensarmos na memória religiosa ancestral do artista.

As navegações foram na verdade uma grande globalização, deixando traços culturais entre os povos que estiveram conectados.

Claro que não com a velocidade e eficácia da atual, mas pode-se ver que o caju, fruta de nossa terra, aparece na decoração de um dos retábulos indianos.

O tempurá, japonês, tem origem portuguesa. O hediondo hábito de fumar tabaco e o milho das Américas, o café e o azeite de dendê da África, o chá preto da Índia e principalmente pessoas, escravizadas ou não, foram levados para todo resto do mundo...

São tantos e tantos exemplos desse intercâmbio que não caberiam numa crônica.

Também por causa das navegações, o português é a terceira língua mais falada no mundo (por número de pessoas), ficando atrás apenas do mandarim e do inglês, ambos por motivos óbvios.

- Retábulos são enfeites decorativos dos altares ou nichos feitos em pedra ou madeira que servem de moldura para imagens da religião católica.