HO,HO,HO...E LÁ VEM O BOM VELHINHO...

Mais um Natal se aproxima. Parece que Papai Noel abriu mão do velho trenó e agora entrega as encomendas de jatinho. Cada vez mais, o tempo nos impressiona com seu passar apressado. Ainda trago frescas na memória as recordações do último Natal. É mais um ano que passa voando...

Tenho boas lembranças do Natal. Quando era criança, torcia para que o ano passasse rápido para que chegasse logo o Natal. Eu era fascinada pelos enfeites, pela decoração colorida, as luzes, e todo o clima natalino que minha família mantinha como tradição. Nesse dia, nos reuníamos na casa da minha tia materna cuja família era bastante numerosa. Muitos tios, primos, irmãos e amigos eram esperados para cear e confraternizar na véspera do Natal. Não era costume nosso a troca de presentes. O importante era a família reunida. Hummm...e o cheirinho das gostosuras...que delícia. Na verdade, meu prato preferido eram as rabanadas. Podia faltar tudo, menos as rabanadas. Podia faltar até o Papai Noel, no entanto, se faltassem as rabanadas, não era Natal.

Meia-noite. Todos, já, com uma fome de anteontem, nos cumprimentávamos desejando a todos uma noite de paz e amor e dávamos início à ceia. E eu, é claro, já de olho na sobremesa; rabanadas, naturalmente. Eram momentos muito agradáveis. Não éramos religiosos, porém, o Natal era celebrado ano após ano.

Na medida em que fui crescendo, a magia do Natal foi perdendo seu encanto e cedendo espaço para alguns questionamentos. A crença no velhinho barrigudo e de barbas brancas foi cada vez mais me deixando intrigada. Como assim, entrava pela chaminé? Era muito Papai Noel pra pouca chaminé...e nem todas as casas, possuíam tal artefato. Somente crianças moradoras de casas com chaminés ganhavam presentes? E, por que Papai Noel precisava se esconder tanto? Por que não se juntava a nós para cear?

Foram questionamentos de uma época enquanto ainda criança. Um pouco mais crescida, porém, conservando o espírito indagador, passei a me perguntar por que crianças que já possuíam tantos brinquedos, ganhavam ainda mais, enquanto outras, que nada tinham, continuavam sem nada? Passei a entender quando soube que Papai Noel era o nosso pai e nem sempre era possível atender aos pedidos das cartinhas...Se soubéssemos que Papai Noel sempre foi nosso próprio pai, entenderíamos que ele já nos presenteava o ano inteiro...

Hoje, ainda gosto de celebrar o Natal. Gosto da casa cheia, muito embora, nem todos possam estar presentes. E com tristeza, lamento pelas crianças que esperam pelo “Bom Velhinho” e ele não chega. A noite de alegria entristece quando penso na mesa vazia de tanta gente mundo afora. Quando penso nos olhos esperançosos dos pequeninos à espera do seu presente. Ou, quando enquanto celebramos a paz, outros perdem suas vidas em estúpidas guerras. Como também lamento que uma data onde todos deveríamos estar imbuídos do espírito natalino, é lembrada pelas grandes indústrias na intenção de faturar, lucrar com seu grande comércio. Que pena...que pena...

A propósito, e lembrando que Papai Noel tem chegado cada vez mais rápido, aproveito para desejar um “Feliz Natal” a todos.

Elenice Bastos.