Nulla dies sine linea - 16/11/2017

Parece que o sempre animado meio literário francês está em polvorosa com a publicação da correspondência entre Albert Camus e a atriz espanhola Maria Casarès. Li que são, em geral, cartas de amor que devem, como todas as cartas de amor, ser lidas em francês com todos os "mon amour" e "mon chéri" e "je t’aimes" que fazem a alegria dos passados, presentes e futuros (grande Chico!) amantes. Até os grandes escritores se apaixonam. E se apaixonam por atrizes, como todos os filhos de Adão.

Lerei esse volume um dia. Mesmo com a consciência de que todas as cartas de amor são ridículas, não custa nada tentar. Camus foi autêntico em tudo o que escreveu e é provável que também sabia manter a autenticidade no ridículo inevitável de suas cartas apaixonadas.

Leio que em uma das cartas escreve o argelino que “sem você (não eu, claro! A Maria Casarès) eu perco minha força. Desejo morrer”. Dizer o quê? A pieguice também é deste mundo e aparece até mesmo nos mais insuspeitos espíritos. Feliz é aquele que sabe escondê-la da publicidade, conservando-a entre quatro paredes onde rende doces frutos.