JAMBU, o Afrodisíaco Feminino

 

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Também conhecido por Agrião do Brasil, Agrião do Pará, Jambu-açu, Botão de Ouro, é pelo apelido de Agrião do Norte que sinto mais simpatia. Os botânicos classificam essa planta como hortaliça da família das Compostas, batizando-a com a denominação científica de Spilanthes Oleracea. No entanto, encontrei publicações que lhe atribuem o nome de Spilanthes Acmella.

 

Simpática, bonitinha, prefere nascer e crescer em locais úmidos e ricos em matéria orgânica. Após a florescência, pode ser confundida com um canteiro comum de pequenas flores amarelas campestres.

Mas basta um esclarecimento sobre os poderes que se encerram em sua constituição física, para que os leigos no assunto arregalem os olhos admirados e se disponham a comprovar a veracidade das informações. É muito fácil! Basta colher uma das pequenas flores e mastigá-la vagarosamente. Ao contato com a saliva, seu suave sabor de agrião vai anestesiando primeiro a língua e depois toda a boca.

Na forma de extrato, constitui-se um poderoso recursos para aliviar dores de dentes, de garganta, aftas. Suas folhas também possuem propriedades digestivas e de combate a febres, escorbuto, tosse, asma, bronquite, além de enfermidades das vias urinárias. A partir de 2006, constitui-se em base de uma pomada para aumentar a excitação feminina, como veremos adiante.

 

Velho conhecido da culinária paraense em pratos como o pato no tucupi e o tacacá, o Jambu é cultivado por pequenos produtores, principalmente no nordeste do Estado, onde é freqüentemente utilizado na culinária. Estimula o apetite e tem efeito diurético, podendo baixar a pressão arterial. Em alguns países, ele é usado para inibir o gosto amargo de algumas misturas. Não contém muitas propriedades nutritivas, mas é rico em celulose, substância importante para o bom funcionamento do intestino. Além disso, pelo seu sabor forte, é usado como condimento, porque estimula a secreção gástrica e ajuda na digestão alimentar.

 

Hoje, além da alimentação, o Jambu gera também investimento empresarial e lucros em outros setores, como na indústria cosmética, onde são produzidos sabonetes, cremes anti-rugas, xampus, sachês.

Após longas pesquisas, virou uma espécie de botox natural (produto que ameniza marcas de envelhecimento da pele). A grande novidade é o famoso efeito “treme-treme” do jambu. Assim relatam as mulheres que experimentaram um novo produto feito à base da hortaliça, que promete atenuar rugas indesejáveis. Segundo uma usuária de 48 anos, o efeito é percebido nas primeiras semanas de uso: “Todo mundo me olha e diz que tenho 25 anos. É preciso mostrar a minha carteira de identidade, se não ninguém acredita. Dá para sentir um frescor, como se a pele estivesse limpa mesmo”.

Outra usuária de 58 anos, disse ter ficado com a pele mais viçosa depois de passar o produto. “Deu para perceber logo a mudança. Estou com uma carinha de 46 anos”, brinca.

Apesar dessas novidades, pesquisadores constataram que nenhum órgão público ou núcleo de pesquisa do Pará tem informações confiáveis sobre o volume de Jambu que é produzido no Estado. Segundo técnicos da Embrapa, se bem contabilizado, poderia gerar muitos empregos e renda para os pequenos agricultores da região. Essa falta de estatística e planejamento adequados vem facilitando a biopirataria (apropriação de recursos naturais ou conhecimentos de comunidades tradicionais, sem a devida autorização). De acordo com o SciFinder Scholar, uma base internacional de dados na internet, até 2005, foram registradas pelo menos 34 patentes do Spilanthol (substância extraída do jambu). Nenhuma delas era brasileira.

Segundo o farmacêutico industrial Wagner Luiz Barbosa, doutor em Fitoquímica pela Universidade de Bohn, na Alemanha, e coordenador do mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Pará (UFPA), o Jambu é um exemplo de desperdício de fonte de conhecimento.

“Perdemos isso por dois motivos. Primeiro, por falta de políticas direcionadas a pesquisas aplicadas em plantas e, depois, porque o excesso de controle que atinge os pesquisadores no Brasil é maior do que o que chega aos biopiratas. Aqui no Pará existe uma “caveira de burro” enterrada. Não se consegue avançar nas discussões”, critica. “Enquanto isso alguém embarca em algum aeroporto brasileiro levando quatro folhas de um vegetal e, em laboratórios sofisticados, faz grandes descobertas”, continua.

 O produtor José Ribamar analisa a situação: “A produção do Jambu é grande aqui no Pará. Podem não ter números sobre isso, mas eu sei que é grande. Quase a mesma coisa que o cheiro-verde (também não há pesquisa sobre esta hortaliça). O Jambu está muito presente na mesa dos paraenses e, agora, com essas novidades…”.

 

Agora desponta uma inusitada utilidade para o Jambu, com a produção de uma pomada cujo efeito é o aumento da excitação feminina. O produto, resultado de experiências realizadas pela Embrapa em parceria com o Centro de Defesa do Negro (Cedenpa), foi testado em voluntárias, com resultado bastante satisfatório. Produzido pelas comunidades quilombolas de Macapazinho e Boa Vista do Itá, ambas localizadas no município de Santa Izabel (PA), o produto aumenta os movimentos peristálticos no interior da vulva. “Isto é um sinal de que a sociedade machista erra ao dizer que só o espermatozóide se movimenta. Nas mulheres isso também acontece”, comemora uma das responsáveis pelo projeto.

O material para a produção da pomada é cultivado há quatro anos por aquelas comunidades. O medicamento passará a ser fabricado em média escala, após a conclusão de um laboratório químico em Macapazinho e promete grande sucesso comercial.

 

Muito parecido com o agrião, embora suas folhas sejam menores, mais grossas, duras e de sabor mais forte, o Jambu é um ingrediente indispensável no preparo do "tacacá" e do “pato no tucupi".

Mas atenção! Deve ser consumido fresco e em bom estado (folhas viçosas, sem picadas de insetos ou machucadas). Caso deva ser conservado por algumas horas, deixe-o de molho dentro de água fria.

 

Jamais pensei que fosses um dia mais eficaz

Ao adormeceres meus lábios com eficiência,

Mas vens provando que és muito mais capaz:

Bates recordes na preferência das mulheres,

Unindo o útil ao prazeroso... és agora um ás.


Atualizado (01/07/2018): http://amazonia.org.br/2018/06/eua-registram-propriedade-medicinal-do-jambu-e-impedem-pesquisa-da-universidade-federal-do-amazonas/

 

 

 

Para os leitores que quiserem experimentar, aí vão as receitas dos famosos pratos típicos do Pará:

 

 

I – TACACÁ (*)

Ingredientes:
4 xícaras de chá de água
1/2 xícara de chá de polvilho azedo ou goma de mandioca
1 xícara de chá de sal
500 g de camarão salgado (seco)
5 folhas de chicória
4 dentes de alho espremidos
4 pimentas-de-cheiro
2 maços de jambu
2 litros de tucupi  (**)

 

Modo de preparo:

Ponha o tucupi numa panela com o alho espremido, o sal, a chicória e as pimentas. Leve ao fogo. Quando ferver, abaixe o fogo, tampe e deixe cozinhar por 30 minutos. À parte, cozinhe o Jambu até ficar tenro. Retire do fogo, escorra e reserve. Lave os camarões e leve-os ao fogo numa panela com quatro xícaras de água. Deixe ferver por 5 minutos. Retire a cabeça e a casca. Numa panela, misture o polvilho com a água dos camarões, leve ao fogo e mexa até obter um mingau. Sirva numa cuia com uma concha de tucupi, um pouco do mingau, algumas folhas de Jambu e os camarões. (Rendimento : 6 porções - Calorias : 139 por porção).



Curiosidades:

(*) É um tipo de sopa preparada com o tucupi (suco de uma espécie de mandioca previamente fervido com alho e chicória), camarões secos, goma (mingau feito com uma massa fina e branca, resultado da lavagem da mandioca ralada) e Jambu (considerado como afrodisíaco). O tacacá é servido em cuias, acompanhado ou não com molho de pimenta-de-cheiro, e é encontrado geralmente nas esquinas de Belém, em barracas da famosas “tacacazeiras”. É um prato de origem indígena.

 

(**) Molho típico da Amazônia, feito com sumo de mandioca fresca apurado ao fogo até adquirir consistência.

 

II - PATO NO TUCUPI

 

Ingredientes:

1 pato grande

3 cebolas pequenas, cortadas em rodelas

4 dentes de alho

100 g de bacon em fatias

5 tomates maduros (opcional)

1/3 de xícara de chá de vinagre

1 folha de louro picado

1/2 colher de café de cominho e pimenta do reino

1 xícara de chá de óleo

1 maço de jambu (ou agrião)

1 litro de tucupi

12 colheres de sopa de farinha de mandioca torrada

Sal a gosto



Modo de preparo:

a.     Limpe muito bem o pato. 

b.  A seguir, fure-o ligeiramente com um garfo e tempere com alho socado, sal, louro, pimenta do reino, cominho e vinagre. 

c.   Deixe tomar gosto de um dia para o outro. 

d.  Após este tempo, cubra o pato com fatias de bacon, coloque-o numa assadeira, arrume por cima as fatias de cebola e tomate. 

e.  Regue com óleo e leve ao forno moderado, deixando assar até que o pato fique corado e macio.

f.  Retire, corte-o em pedaços e deixe no próprio molho. 

g. Limpe o jambu, lave e pique (conserve os talos para dar mais gosto), ferva o tucupi com 2 dentes de alho previamente socados, por mais ou menos 15 minutos. 

h. Se usar agrião, não se deve ferver. 

i. Adicione os pedaços do pato no molho e deixe ferver por 20 minutos. 

j. Na hora de servir, coloque em cada prato 2 colheres de sopa de farinha de mandioca, arrume por cima 1 ou 2 pedaços de pato e despeje bastante molho (bem quente). 

k. O molho misturado com a farinha formará uma espécie de pirão. 


Para fazer o molho do tucupi:

a)  Rale a mandioca, esprema o caldo e coloque para cozinhar com bastante alho. 

b)   Depois de frio engarrafe. 

 

Tenham “Bons Apetites” com Jambu nas suas vidas!

 

 

Fontes:

1. Plantas do Nordeste, Especilmente do Ceará – Renato Braga – 3ª Edição – Col. Mossoroense – Volume XLII

2. Alimentos que Curam – Paulo Eiró Gonsalves – 7ª Edição

3. Ervas que curam – Ano I – nº 04 – Revista Escala

4.http://blog.tudosobreplantas.com.br/2006/09/18/jambu-para-muito-alem-do-tucupi/

5. http://www.horti.com.br/curiosidades/jambu.htm

6. http://www.pratofeito.com.br/modules/recipe.php?recid=1575

7. http://tudogostoso.uol.com.br/receita/3410-pato-no-tucupi.html

 

Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 27/11/2007
Reeditado em 30/06/2018
Código do texto: T755011
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