Drogas, última luz

Vim só deixar algo claro, por não querer ter mais que gastar luz neste assunto. Primeiro, senti um certo desaponto com minha universidade por sustentar um assunto o qual não deveria ter, no mínimo, um título tão intuitivo ” um mundo mais legal — queremos que legalize”. Sempre tive aversão aos entorpecentes por um motivo pessoal e, também, por eles serem um afronto à vida, à dignidade humana — mais abaixo explicarei o porquê da hipocrisia no segundo “por”. Admiro a nós jovens esse nosso senso de querer contestar as leis, os direitos e deveres, só penso que está havendo é um engano por parte de “nós” em dar ênfase a uma causa que vejo mais como uma consequência.

Temos que entender que as drogas são um escape, algo para fugir da pressão, algo para fugir da realidade… E por que nós jovens estamos precisando tanto disso? Nunca pararam pra pensar que há muita pressão na gente? A pressão é inversamente proporcional ao volume, e quem não está proporcionando esse volume é o governo. Nos tempos de nossos pais, dificilmente se ouvia falar em entorpecentes — de maneiras para sair da realidade — justamente por não haver uma quantidade tão grande de jovens e por todos terem volume, conseguirem passar no vestibular ou montar sua empresa ou ascender; com as mesmas formas, infelizmente, que vemos hoje disponíveis. O que falta é um leque maior de opções do governo, um maior auxílio ao esporte — para quem quiser ser esportista —, um maior auxílio às artes — para quem quiser viver da escrita, pintura, teatro —, um maior auxílio àqueles que não querem fazer nada ou que não sabem ainda o que querem — com certeza a maioria das pessoas as quais acham que gostam de não fazer nada, odeiam apenas ociar o dia inteiro, isso significa que faltam opções, significa que não descobriram o que querem, quanto às outras, pode-se dizer que quem ganha dinheiro dormindo são empresários; mas podem, elas, terem alguma deficiência e nisso o governo deveria dar auxílio — . Com tantos exemplos, quero deixar claro de que se tivéssemos o volume necessário para não haver pressões, não iríamos aderir a auto destruição.

Quanto à hipocrisia: eu, muitas vezes, me drogo com o tão famoso e presente etílico. A diferença é que a bebida tem uma história, tem mitologia — deuses Baco e Dionísio — ela é, portanto, cultural. Ela sempre esteve presente na sociedade; é, pois, uma de suas composições, quem sabe por isso Jesus resolveu transformar seu sangue em vinho, e não água. A bebida, além de uma forma de interação social, não deixa de ser uma forma de escape também; por ser, porém, tão aculturada é uma exceção, digamos que a válvula de escape oficial da sociedade. O que não pode haver é a oficialização de narcóticos quaisquer, daqui a pouco vamos ter a marcha dos cheiradores de desodorante. Os entorpecentes são sinais de fraqueza do ser humano, não deveríamos dar grandes atenções a isso, deveríamos falar sobre assuntos que nos enaltecessem, que fossem construitivos, que nos incitassem a construir.

Nós, jovens, deveríamos debater e correr atrás dos políticos, manifestar por faltarem com o volume necessário para que tenhamos uma realidade agradável, para que não queiramos fugir dela. As tóxicas ilusões não são uma causa, um assunto a ser discutido, contudo uma consequência do não prestativo governo. Esqueçam essas abordagens de que a bebida faça menos ou mais mal, de que se tal droga pode todas devem poder, drogas sempre serão algo negativo, algo que deprecia o ser humano, transforma nós nos únicos seres vivos os quais querem fugir da vida, da presente realidade, que querem alterar seus sentidos; isso não é, pois, motivo de reinvindicação.

(Matheus Santos Melo)

link das palestras que haverá em minha universidade (UFSC): http://institutodacannabis.wordpress.com/2011/05/14/seminario-um-mundo-mais-legal-perspectivas-para-mudancas-na-politica-de-drogas/