Sapatilha de aço

Comecei aos 33 anos, apenas como uma alternativa a uma atividade física que precisava ser iniciada. A primeira vez que coloquei um collant, meia-calça rosa e sainha, dei muita risada e me achei ridícula! Olhava para o espelho e pensava "vai embora, sua louca! Vai pra academia fazer musculação!"

As primeiras aulas foram muito difíceis, e olha que o ensinado era o básico do básico, aquilo que é passado para as menininhas de 5 anos. Mas a sensação gostosa que ficava depois que a aula acabava me fez ir ficando, ficando... Naqueles 60 minutos, nem por um segundo, passa um problema pela minha cabeça. Até já tentei (rsrs) lembrar daquela matéria que precisava ter ficado pronta e não ficou, do tanto de coisas que tinha pra fazer em casa, mas bastava desviar um tiquinho a atenção que perdia o próximo passo.

Ainda hoje é difícil. É o braço que insiste em não acompanhar a perna, ou o pé que de jeito nenhum permanece tanto tempo esticado, ou simplesmente a sequência que demora dias para entrar na cabeça e, quando finalmente entra, já vem a próxima.

Não tenho mais idade, nem a coordenação motora, muito menos a flexibilidade para me tornar uma bailarina e também não é este o objetivo. Talvez nem chegue a usar uma sapatilha de ponta, mas também não tem problema. O que quero é continuar aprendendo mais um passinho aqui, outro ali, melhorando o que já aprendi e dividir risadas com as minhas colegas que estão, na sua maioria, na mesma situação que eu.

Sem olhar para trás, sem olhar para frente.