O MITO DO NÍVEL SUPERIOR

A busca pela universidade tem sido cada vez maior entre os milhões de estudantes brasileiros, isso ocorre, por causa das exigências do mundo atual, ou seja, o mercado de trabalho está mais competitivo , exigindo do candidato a uma vaga de emprego, conhecimentos mais específicos para que, assim, se possa atender às exigência em determinadas áreas do campo profissional. Como consequência, pode-se verificar, principalmente no Brasil, uma crescente desvalorização dos indivíduos que cursaram apenas o nível fundamental ou médio, por isso, milhões de trabalhadores são excluídos deste mesmo mercado, elitista e desumano.

Diante dessa realidade, cabe perguntar: Se existe um suposto nível superior existirá também níveis inferiores? Quais são ? Os cursos de graduação realmente possibilitam conhecimentos sólidos e eficientes para aqueles que conseguem se formar nas universidades? E aqueles indivíduos considerado “analfabetos” merecem ou não uma” fatia do bolo tão disputada no mundo capitalista ?Tais perguntas merecem especial atenção, pois, a maneira como está estruturada a sociedade contemporânea é bastante questionável.

Entretanto, sabe-se que são vários os motivos pelos quais milhões de pessoas buscam fazer um curso superior ( melhoria na vida profissional, vocação, a busca pelo status, o desejo por adquirir conhecimento), porém, é preciso que esses indivíduos entendam que , ao concluírem tais cursos , e ao pegar o diploma, não estão adquirindo super poderes , isto é, não há garantias sólidas que esses recém formados terão êxito na vida profissional, além disso, deve-se levar em conta , que muitos desses profissionais não estão preparado para os desafios do mundo pós moderno.

Um dos motivos que provocam frustrações nesses profissionais, é o fato de que os conhecimentos adquiridos nas universidades têm um alcance bastante restrito, ou seja, o ideal seria que o saber difundido nas academias fosse mais interdisciplinar. Por isso, o estudante acostuma-se a se especializar unicamente em sua área, ignorando saberes em outros campos da ciência.

Outra questão a se pensar é o fato de que o discurso acadêmico é,muitas vezes, prolixo ,e, portanto, inacessível à uma boa parte da população. Como a universidade ,contraditoriamente, mostra-se contra as desigualdades sociais , e por outro restringe o seu discurso à meia dúzias de acadêmicos? Não seria isso também uma forma de opressão e poder? Temas como ideologia, discurso e poder precisam serem discutidos seriamente, pois o saber acadêmico deveria se identificar cada vez mais com a realidade do povo . Outro aspecto que chama a atenção é o fato das universidades abominarem a religião, principalmente o Cristianismo. Segundo os acadêmicos, a religião tem se tornado sinônimo de intolerância , alienação e fanatismo. Porém, o que os pseudosciêntistas não percebem é que o discurso acadêmico tem se tornado tão intolerante e tendencioso quanto o discurso religioso. Muitas pessoas que professam um determinado credo, ao entrarem na faculdade, sentem-se discriminadas e sufocadas com atitudes de docentes e até do corpo discente que se veem no direito de reprimir a fé das pessoas . Sem falar no perigo que existe no relativismos do discurso acadêmico, ou seja, uma instituição que se diz contra toda forma de discriminação , contraditoriamente, passa a ser um agente de segregação.

É claro que não se deve com base nos fatos, legitimar o total desinteresse de muitas pessoas no que diz respeito aos cursos universitários, devemos reconhecer a importância das Universidade na história e no mundo , todavia, é necessário reavaliarmos as estruturas pelas quais a nossa sociedade está montada. Pois, já que todos são iguais perante a lei, qualquer tentativa de discriminação, seja por cor, raça, credo , grau de escolaridade é , portanto, ilegal , imoral e desumana.